
Eis que Belo Horizonte se vê no meio de mais uma reviravolta na administração pública — e dessa vez o palco são os postos de saúde. Quem diria, não? Fuad Noman, o prefeito, soltou a notícia em vídeo nas redes sociais: guardas municipais vão sair e mediadores de conflitos entram em cena.
Não foi bem um anúncio tranquilo. Longe disso. A decisão pegou muita gente de surpresa — inclusive os próprios guardas, que agora se veem realocados para outras funções, como a fiscalização do comércio ambulante. Convenhamos, não é todo dia que uma mudança dessas acontece.
Mas afinal, o que motivou a troca? Segundo Fuad, a ideia é clara: humanizar o atendimento. Sim, aquela velha história de que diálogo resolve mais que autoridade. “Mediação é o caminho”, defendeu o prefeito, destacando que a presença de armas e uniformes em unidades de saúde muitas vezes intimida —而不是 acolhe — quem precisa de cuidado.
E do outro lado da moeda?
Pois é. A Associação dos Guardas Municipais de BH não engoliu a novidade. Na verdade, reagiu com preocupação aberta. Eles alegam que a medida pode colocar em risco tanto os servidores quanto os usuários do SUS. “Vai faltar segurança”, alertam.
Não é difícil imaginar o porquê da apreensão. Unidades de saúde, especialmente as localizadas em regiões mais vulneráveis, vivem situações de tensão — desde brigas entre pacientes até ameaças a profissionais. Será que um mediador, sem treinamento em segurança pública, vai dar conta do recado?
O prefeito garante que sim. E ainda joga um dado interessante: desde 2023, um projeto-piloto com mediadores já rola em alguns centros de saúde, e os resultados, segundo ele, foram positivos. Mas e aí, será que experiência pequena escala se traduz em política pública city-wide?
O que muda na prática?
Os guardas municipais que hoje atuam na portaria e nos corredores de 152 unidades de saúde serão redistribuídos. Vão para as ruas, focar no comércio irregular — que, convenhamos, também é um problema sério em BH.
Já os mediadores — contratados via organizações sociais — assumirão o papel de acalmar ânimos, facilitar diálogos e, claro, evitar que conflitos escalonem. Eles não terão poder de prisão, não usarão armas, e muito menos uniforme que lembre força policial.
É uma aposta ousada. Beira o experimental. E como toda mudança, traz um misto de esperança e ceticismo.
Enquanto a prefeitura fala em “novo paradigma de segurança cidadã”, quem está na linha de frente torce para que a teoria não ignore a realidade. Porque no fim do dia, o que importa é uma coisa só: que pacientes e trabalhadores da saúde estejam — e se sintam — seguros.