
Parece que a política belo-horizontina está pegando fogo — e não é metáfora. A Prefeitura de Belo Horizonte decidiu cortar na carne, ou melhor, nos cargos. Na última sexta-feira, tomou uma medida que deixou muita gente com a pulga atrás da orelha: exonerou funcionários comissionados ligados a vereadores que, pasmem, votaram a favor do projeto Tarifa Zero.
Quem diria, não? Aparentemente, apoiar a gratuidade no transporte público virou motivo para perder o emprego na máquina municipal. A coisa está feia mesmo.
O que exatamente aconteceu?
Pelo que apurei, a faxina administrativa atingiu em cheio aliados políticos de quatro parlamentares: Iza Lourença (PSOL), Bella Gonçalves (PSOL), Fernanda Pereira Altoé (Novo) e Macaé Evaristo (PT). Todos eles — adivinhem — votaram a favor da tarifa zero naquela sessão histórica da Câmara no dia 25 de setembro.
Não foi um ou dois carguinhos não. Foram nada menos que 14 exonerações de uma vez só. A Prefeitura, através de sua assessoria, tentou suavizar a coisa dizendo que são "realocações estratégicas de cargos". Sabe como é, o famoso "readequação do quadro de pessoal".
E o que dizem os vereadores?
Ah, minha gente, a reação foi das boas. Iza Lourença não economizou nas palavras: chamou a medida de "retaliação clara e cristalina". Na visão dela, a prefeitura está punindo quem ousou pensar diferente. "É um recado intimidatório", disparou.
Bella Gonçalves foi na mesma linha — e com razão, diga-se de passagem. Ela destacou que as exonerações aconteceram justamente entre os funcionários que trabalhavam diretamente com os parlamentares. Coincidência? Difícil acreditar.
Do outro lado do ringue, a Prefeitura mantém o discurso oficial: nega qualquer relação com a votação e garante que as mudanças fazem parte de uma "otimização administrativa". Só que, cá entre nós, o timing é mais do que suspeito.
E o projeto Tarifa Zero?
Para quem não está acompanhando essa novela, o projeto aprovado no dia 25 de setembro institui a gratuidade no transporte público de Belo Horizonte. Uma proposta ousada, que divide opiniões — e agora, aparentemente, também custa empregos.
O texto ainda precisa passar por mais votações e, claro, da sanção ou veto do prefeito Fuad Noman. Mas já está causando um rebuliço dos grandes na política local.
O que me deixa pensando: será que estamos vendo o início de uma guerra aberta entre Executivo e Legislativo? As peças estão se movendo no tabuleiro político de BH, e os próximos capítulos prometem.
Enquanto isso, os funcionários exonerados viram moeda de troca nesse jogo de poder. E a população, bem, fica só observando — e pagando a conta, como sempre.