
Eis que o cenário político de Roraima ganha mais um capítulo digno de roteiro de novela. O governador Antonio Denarium (PP) resolveu cutucar a onça com vara curta ao indicar o senador Chico Rodrigues (União Brasil) para uma vaga vitalícia no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RR).
Não, você não leu errado. Um senador da República, com mandato até 2027, sendo catapultado para um cargo que — pasmem — exige dedicação exclusiva. A jogada deixou até os mais experientes na política local coçando a cabeça.
O pulo do gato (ou seria do jabuti?)
Parece que alguém esqueceu de ler o manual de instruções. A Constituição Estadual é clara: os conselheiros do TCE devem ter "notório saber jurídico, contábil, econômico ou financeiro". Rodrigues, que já foi governador e deputado federal, tem currículo político de sobra. Mas técnico? Aí a coisa pega.
"É como colocar um chef de cozinha para pilotar um avião", comentou um servidor do tribunal que preferiu não se identificar. "O problema não é a experiência, mas o tipo de experiência."
O que dizem as regras do jogo
- A vaga surgiu com a aposentadoria do conselheiro Edilberto Rodrigues
- O governador tem direito a indicar, mas a Assembleia Legislativa precisa aprovar
- O cargo tem mandato vitalício — sim, até morrer ou se aposentar
- Salário? Nada menos que R$ 41 mil mensais
E olha que interessante: Rodrigues teria que abrir mão do mandato de senador caso a nomeação seja confirmada. Alguém acredita nisso? O histórico recente sugere que políticos raramente trocam o certo pelo duvidoso.
Recepção na Assembleia: sorrisos amarelos
Na ALERR, a indicação chegou como bomba-relógio. Líderes partidários já sussurram sobre possíveis "acordos por baixo dos panos". Um deputado, que pediu para não ser nomeado, resumiu: "É a velha política se perpetuando nos controles da nova política".
O prazo para análise é curto — apenas 30 dias. E o relógio já está correndo desde a última sexta-feira (15). Será que teremos surpresas no caminho?
Enquanto isso, nas redes sociais, a população não perdoa. "Isso é um absurdo sem tamanho", escreveu uma professora em Boa Vista. "Cadê o concurso público?", questionou um estudante de direito. A hashtag #TCEnaoEhCabide já começa a circular.
E agora, José?
Se aprovado, Rodrigues teria que passar por sabatina e provar seu "notório saber". Mas convenhamos: em política, notoriedade muitas vezes vem mais dos contatos que do conhecimento. Resta saber se os deputados vão engolir essa ou se farão o governador voltar atrás.
Uma coisa é certa: o TCE, que deveria ser o fiscal dos gastos públicos, está virando moeda de troca na máquina política. E o povo? Bem, o povo continua assistindo de camarote — e pagando a conta.