O processo de cassação do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deu um passo importante nesta terça-feira, 2 de dezembro de 2025. O relator do caso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Diego Garcia (Republicanos-PR), apresentou um parecer formal recomendando a rejeição da perda do mandato da parlamentar.
Parecer do relator aponta inconsistências no caso
Em seu relatório, o deputado Diego Garcia fundamentou sua posição na "baixa consistência e coerência" das revelações feitas por Walter Delgatti. O hacker, que foi aliado de Zambelli, confessou à Polícia Federal em 2023 que foi o autor da ideia de inserir um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O objetivo declarado da ação, segundo Delgatti, era demonstrar fragilidades na segurança cibernética do Poder Judiciário. No entanto, o hacker afirmou na época que recebeu o texto pronto da deputada e se limitou a fazer "algumas correções gramaticais".
Condenação do STF e o processo na CCJ
A apresentação do parecer ocorre após a condenação de Carla Zambelli pelo STF. A corte suprema sentenciou a deputada bolsonarista a 10 anos de prisão e determinou a perda de seu mandato. A condenação foi resultado da investigação sobre a invasão dos sistemas do CNJ.
No documento de 32 páginas, Garcia detalhou suas razões para ser contra a cassação. Ele destacou que as "declarações de Walter Delgatti, marcadas por evolução narrativa ao longo do tempo, contradições entre versões sucessivas e ausência de elementos verificáveis" que pudessem sustentar de forma independente as acusações apresentadas.
Próximos passos do processo
O parecer do relator não é a decisão final. O documento ainda precisa ser votado pelos demais membros da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A CCJ funcionará como uma instância filtro, analisando a admissibilidade do processo de cassação antes de um eventual encaminhamento para o plenário da Casa.
A defesa de Carla Zambelli tem utilizado como principal argumento as mudanças e contradições nas versões apresentadas por Walter Delgatti ao longo das investigações. Agora, os parlamentares da comissão terão a palavra final sobre o destino político imediato da deputada.
