
Parece que a corda arrebentou do lado mais fraco. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, deu uma rasteira jurídica em três advogados de defesa envolvidos no famigerado inquérito sobre os atos golpistas de 8 de dezembro. A razão? Uma sucessão impressionante de descumprimentos de prazos que beira o profissionalmente irresponsável.
Não foi algo súbito, diga-se de passagem. A paciência do ministro foi sendo corroída mês após mês enquanto os prazos processuais iam para o beleléu. Os advogados João Eduardo de Almeida Faria, Felipe da Silva Nunes e Gustavo de Moura Almeida simplesmente ignoraram o calendário judicial como se fossem imunes às consequências. Grave, muito grave.
O estopim que ninguém viu chegar
O caso específico que fez a taça transbordar envolve o empresário Márcio de Almeida Faria — sim, parente de um dos advogados, coincidência ou não. O prazo para apresentação da defesa prévia? Vencido sem justificativa plausível. O prazo para interrogatório? Ignorado solenemente. Até o agendamento de novas audiências se tornou um martírio burocrático.
Moraes não economizou nas palavras ao descrever a situação: "sucessivos e reiterados descumprimentos de prazos processuais" que configuram "manifesto desrespeito ao Poder Judiciário". Forte, né? E olha que o ministro já havia dado uma chance anterior, mas a negligência persistiu como uma teimosa sombra sobre o processo.
E agora, José?
Com a destituição dos advogados, os investigados terão que correr contra o tempo para contratar nova defesa. O prazo? Apenas 15 dias — ironicamente curto para quem demonstrou tanta relaxação com datas. Se não conseguirem, a Defensoria Pública entrará em cena, mas a situação já está mais embolada que novelo de gato.
O pior de tudo é que essa história toda joga uma luz preocupante sobre o funcionamento da justiça brasileira. De um lado, um ministro rigoroso com os trâmites processuais. De outro, profissionais que tratam prazos como meras sugestões. No meio, clientes que podem sair prejudicados pela incompetência alheia.
Resta saber se essa decisão servirá de exemplo para outros casos ou se continuaremos vendo esse tipo de negligência se repetir nos corredores do poder judiciário. Uma coisa é certa: no STF de Moraes, o relógio não para — e quem dorme no ponto acorda sem representação legal.