O clima no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (19) estava longe de ser apenas sobre gastronomia. Que nada. O prato principal, digamos, era pura estratégia política — temperada com doses generosas de pragmatismo.
Lula recebeu para almoço ninguém menos que a cúpula dos Republicanos, partido que ocupa espaço crucial no tabuleiro do Congresso. Marcos Pereira, presidente da legenda, liderou a comitiva que incluiu figuras como o vice-presidente Sérgio Victor e a deputada federal Greyce Elias.
E não foi um mero encontro social. Longe disso. As conversas à mesa giraram em torno de temas espinhosos e urgentes: a reforma tributária, claro, mas também a tão falada desoneração da folha de pagamento — assunto que emperra e preocupa o mundo empresarial.
Uma dança de articulação que já começou há tempos
Quem acompanha o jogo político de perto sabe que isso não surgiu do zero. Lula e Marcos Pereira já vinham flertando publicamente há algumas semanas, trocando elogios e abrindo canais. Esse almoço foi a formalização de uma aproximação que, convenhamos, era esperada por muitos.
Afinal, o governo precisa de números. Precisa de votos. E os Republicanos, com sua bancada não desprezível, podem ser a chave para destravar projetos que estão parados há meses. É a velha máxima de Brasília: na política, não há almoço grátis. Tudo é negociação.
O que cada lado levou para a mesa?
Do lado governista, a necessidade clara de estabilidade. Evitar derrotas humilhantes no plenário e mostrar que, apesar das rusgas, o Executivo ainda sabe costurar acordos.
Já os Republicanos — que já foram base de Bolsonaro — buscam espaço. Influência real na elaboração de projetos e, quem sabe, cargos de relevância na estrutura do governo. É uma troca clássica, quase um ritual da política brasileira.
O almoço seguiu sem alarde excessivo para a imprensa, mas o recado foi dado: o governo está disposto a conversar com quem estiver aberto a negociar. O tempo dirá se o cardápio de hoje trará frutos sólidos ou será apenas mais uma reunião de cortesia.
