
Numa reação que mistura fervor religioso e tensão política, Jair Bolsonaro soltou os cachorros nesta quarta-feira. O ex-presidente — sempre polêmico, nunca monótono — disparou contra o ministro Alexandre de Moraes depois de uma decisão judicial que, digamos, não caiu bem no seu prato.
"Pra mim, o que vale é a lei de Deus", berrou o capitão reformado, num tom que fez lembrar aqueles pregadores de esquina. A fala veio como resposta a uma liminar do STF que, segundo ele, "atropela a fé do povo brasileiro".
O pano de fundo
O caso tem cheiro de pólvora desde o início. Moraes, aquele mesmo que virou pedra no sapato da direita, determinou a suspensão de um projeto apoiado por Bolsonaro — detalhe: envolvendo símbolos religiosos em espaços públicos. Coisa fina para começar um cabo-de-guerra.
Do outro lado, o ex-mandatário não perdeu tempo. Meteu o pé na porta com argumentos que misturam Bíblia e Constituição numa salada indigesta para juristas. "Quando a justiça dos homens vai contra a justiça divina, meu voto é claro", disparou, deixando juristas de cabelo em pé.
Repercussão em cadeia
Nas redes, o estrago estava feito. Aliados do Bolsonaro saíram em defesa com aquele entusiasmo de torcida organizada. Já os críticos — esses nem precisamos dizer — chamaram de "teocracia disfarçada". Até memes apareceram comparando o Brasil a um episódio mal escrito de House of Cards tropical.
- "Isso é golpe na laicidade do Estado!" — gritou uma professora de direito no Twitter
- "Finalmente alguém com coragem de falar a verdade" — rebateu um apoiador, entre bandeiras do Brasil e emojis de cruz
Enquanto isso, nos corredores do STF, o clima era de... digamos, cautela irritada. Um assessor que pediu pra não ser identificado resumiu: "Todo mundo tá de saco cheio dessas crises fabricadas".
E agora?
O pulo do gato é que essa treta pode ter pernas longas. Especialistas ouvidos — aqueles que ainda arriscam opinar nesse circo — apontam que a briga entre Executivo e Judiciário tá longe de acabar. "Isso aqui é só o primeiro round", filosofou um constitucionalista, enquanto tomava seu café amargo.
Para piorar, a discussão religiosa colou como chiclete no sapato da política nacional. Igrejas evangélicas já começaram a se mobilizar, enquanto setores mais secularizados torcem o nariz. No meio disso tudo, o cidadão comum fica se perguntando: cadê o pão nosso de cada dia?
Uma coisa é certa: com Bolsonaro, o tédio nunca está no cardápio. Resta saber se esse prato quente vai esfriar — ou se vai incendiar de vez o já combalido cenário político brasileiro.