
A coisa esquentou de vez no plenário do Supremo Tribunal Federal. E não foi por causa do ar-condicionado. O ministro Luís Roberto Barroso, numa daquelas falas que ecoam bem além dos fóruns, soltou o verbo sobre um tema espinhoso: as tais sanções que os Estados Unidos impuseram contra ministros do STF.
Pois é. A posição dele, que parece ter pegado alguns de surpresa, foi a de segurar a onda. Barroso foi categórico ao defender que qualquer tipo de reação do Brasil – e leia-se aqui uma retaliação mesmo – deve ficar na geladeira. Pelo menos por enquanto.
O timing é tudo
E qual é o motivo dessa pausa estratégica? O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Barroso acha, e não é pouco, que mexer nesse vespeiro internacional agora poderia atrapalhar o andamento do processo que corre contra Bolsonaro no Supremo. Uma jogada de mestre ou uma cautela excessiva? Só o tempo dirá.
Não é todo dia que um ministro do STF fala em retaliação a uma potência como os EUA. A declaração joga uma luz forte sobre o mal-estar que as sanções causaram nos bastidores do poder. Barroso, no entanto, traçou uma linha clara: primeiro, resolver nossas questões internas. Depois, partimos para o embate diplomático.
O que está em jogo?
- Soberania nacional: A questão de fundo é até onde um país pode interferir na Justiça de outro. Um debate antigo, mas que ganhou contornos dramáticos.
- Estabilidade institucional: Barroso parece temer que uma crise diplomática now possa ser usada como cortina de fumaça no julgamento mais importante do ano.
- A imagem do Brasil lá fora: Como o país será visto se reagir? E se não reagir? Uma sinuca de bico e tanto.
O ministro deixou claro que o assunto não será varrido para debaixo do tapete. "O Supremo vai analisar com a devida calma", disse, num tom que misturava serenidade com uma pitada de ameaça velada. Ele defendeu que a corte precisa fechar esse capítulo interno primeiro para, então, ter autoridade moral e jurídica para dar uma resposta à altura.
É aquela velha história: você arruma a casa antes de receber visita. Só que, nesse caso, a visita já chegou e está fazendo bagunça na sala. A postura de Barroso, portanto, é de segurar os ânimos e lidar com uma crise de cada vez. Uma estratégia que pode ser lida como prudência ou, para os mais críticos, como procrastinação.
O fato é que a declaração dele joga lenha numa fogueira que já estava alta. De um lado, os que clamam por uma resposta imediata e firme aos americanos. De outro, os que enxergam sabedoria em não misturar as bolas. No meio de tudo isso, o STF segue seu curso, navegando em águas turbulentas entre a política e a law.