Disputa na AGU: 4 nomes brigam para suceder Jorge Messias no STF
4 nomes disputam vaga de Jorge Messias na AGU

Enquanto o nome de Jorge Messias aguarda sua sabatina no Senado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), os bastidores da Advocacia-Geral da União (AGU) já fervilham com a disputa para ocupar a cadeira que ele deixará. A vaga ainda não está formalmente aberta, mas pelo menos quatro nomes já circulam internamente como potenciais sucessores do atual advogado-geral, indicado pelo presidente Lula.

Os quatro cotados para o comando da AGU

Conforme apurado, a corrida pela sucessão na autarquia responsável por defender os interesses da União no Judiciário já tem seus principais candidatos. A lista inclui nomes de peso com ampla experiência na casa e boa relação com o governo.

O primeiro é Flavio Roman, que atualmente ocupa o cargo de advogado-geral substituto e é procurador do Banco Central. Outro nome forte é o de Isadora Cartaxo, advogada da União que comanda a Secretaria-Geral de Contencioso e é responsável pelas ações da AGU diretamente no STF.

A lista segue com Clarice Calixto, também advogada da União e atual procuradora-geral da União. Por fim, Anelize Almeida, procuradora da Fazenda Nacional, completa o quarteto. Ela é apontada como tendo um bom trânsito junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O impasse no Senado e a estratégia de Lula

A movimentação na AGU ganha força diante do cenário político que cerca a indicação de Messias ao Supremo. Conforme revelado, o adiamento de sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, originalmente marcada para 10 de dezembro, ocorreu por uma falta de certeza sobre os votos.

Nem a equipe do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), nem a do próprio Messias tinham segurança sobre o número suficiente de votos para barrar ou aprovar o nome. Aliados de Alcolumbre chegaram a contabilizar cerca de 60 votos favoráveis, mas ambos os lados detectaram traições internas.

Essas traições viriam tanto de senadores do PL, que publicamente se dizem contra o candidato, quanto do próprio PT, partido do presidente Lula. Interlocutores do Palácio do Planalto acreditam que, se Lula conseguir destravar o impasse com Alcolumbre em uma reunião prevista para os próximos dias, a sabatina poderá ocorrer ainda em 2025, no dia 17 de dezembro.

O perfil de Jorge Messias e os desafios

A trajetória de Jorge Messias, de 45 anos, ganhou os holofotes nacionais durante a Operação Lava-Jato, com a revelação de um grampo telefônico em que a então presidente Dilma Rousseff orientava Lula a assumir a Casa Civil para ter foro privilegiado.

Sua carreira pública passou por escriturário da Caixa, procurador do Banco Central, subchefe de Assuntos Jurídicos da Presidência e procurador da Fazenda Nacional. Foi nesse último cargo que fez carreira até chegar ao topo da AGU no terceiro mandato de Lula.

Messias é conhecido por ter sido o portador do documento que, em 2016, quase blindou Lula da decisão do então juiz Sergio Moro. Sempre próximo ao campo da esquerda e evangélico, ele é visto por Lula como uma aposta para construir pontes com um segmento que hoje flerta com políticos alinhados a Bolsonaro.

Quase uma década após o grampo que o projetou, Messias se prepara para o que pode ser o maior passo de sua carreira, mas enfrenta um caminho cheio de percalços, muitos deles idealizados pelo senador Davi Alcolumbre. Enquanto isso, na AGU, a sucessão já está em jogo.