Trump sobre Zelensky: 'Nada é concreto até minha aprovação'
Trump: 'Zelensky não tem nada concreto até eu aprovar'

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que nenhum acordo sobre a guerra na Ucrânia será concreto sem seu aval pessoal. A declaração foi dada na sexta-feira, 26 de dezembro de 2025, ao site Politico, um dia antes de sua aguardada reunião com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Encontro em Mar-a-Lago e a proposta de 20 pontos

Trump receberá Zelensky em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, neste domingo, 28 de dezembro. O objetivo principal do encontro é discutir os termos para um cessar-fogo no conflito no Leste Europeu.

Sobre o plano de paz, que é o cerne das conversas, Trump foi enfático: "Não há nada de concreto até que eu aprove". A referência é à última versão de uma proposta americana, revisada por Kiev e enviada à Rússia, que contém 20 pontos.

Zelensky confirmou a reunião e adiantou que os temas incluirão a situação de Donbass e da usina nuclear de Zaporizhzhia, além de "muitas outras questões" de interesse da Ucrânia. Segundo o presidente ucraniano, o plano prevê o congelamento da atual linha de frente e não obriga a Ucrânia a renunciar legalmente a uma futura entrada na OTAN.

Expectativa por diálogo com Putin e impasses

Em sua declaração ao Politico, Trump também expressou otimismo sobre o encontro com Zelensky, dizendo que "deve correr bem", e revelou que espera se reunir "em breve" com o presidente russo, Vladimir Putin.

No entanto, os obstáculos para um acordo são significativos. A Rússia mantém exigências consideradas inaceitáveis por Kiev, que incluem:

  • A cessão de todo o território de Donbass (as províncias de Donetsk e Lugansk).
  • Um compromisso formal e definitivo da Ucrânia de não ingressar na OTAN.

Outro ponto de discórdia é o controle da Usina de Zaporizhzhia, a maior central nuclear da Europa, atualmente ocupada por tropas russas. O Kremlin ainda não respondeu oficialmente à proposta de paz enviada por Washington.

Pressão sobre a Venezuela e fatores internos

Paralelamente às movimentações sobre a Ucrânia, a administração Trump continua a exercer forte pressão sobre o governo da Venezuela. Em 17 de dezembro, Trump anunciou o reconhecimento do governo venezuelano como uma "organização terrorista estrangeira" e determinou o bloqueio total de petroleiros sancionados que entram ou saem do país.

Analistas internacionais veem motivações domésticas por trás dessa postura. Dmitry Rozental, diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia (RAN), disse à agência Sputnik que as ações de Trump em relação à Venezuela são "mais impulsionadas por fatores políticos internos".

Segundo Rozental, com essas medidas, o presidente americano busca mobilizar sua base de apoiadores nos EUA e angariar votos, inclusive de congressistas de origem cubano-americana. A estratégia, na avaliação do especialista, é manter uma pressão psicológica sobre o governo de Nicolás Maduro, na esperança de alcançar seus objetivos sem precisar recorrer ao uso da força militar.

O cenário geopolítico, portanto, segue tenso e em constante movimento, com a política externa de Washington sendo moldada tanto por conflitos internacionais complexos quanto por cálculos políticos domésticos.