Israel aprova 19 novos assentamentos na Cisjordânia, elevando total para 210
Israel aprova 19 novos assentamentos na Cisjordânia

O governo de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, aprovou a construção de 19 novos assentamentos judaicos na Cisjordânia, território palestino ocupado. O anúncio foi feito neste domingo (21) pelo ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, figura de extrema-direita e defensor da expansão da presença israelense na região.

Expansão recorde e retrocesso histórico

Com esta nova leva de autorizações, o número total de assentamentos novos aprovados nos últimos anos chega a 69, um recorde segundo o próprio Smotrich. A medida representa um aumento de quase 50% no número de assentamentos durante o mandato do atual governo. Em 2022, existiam 141 assentamentos em toda a Cisjordânia. Após a última aprovação, esse número salta para 210, de acordo com o grupo de monitoramento Peace Now.

Dois dos assentamentos agora legalizados, Kadim e Ganim, são particularmente simbólicos. Eles fazem parte dos quatro postos avançados desmantelados à força em 2005 pelo então premiê Ariel Sharon, como parte da retirada israelense da Faixa de Gaza e dos esforços para cumprir os Acordos de Oslo. O governo revogou em março de 2023 a lei que os evacuava, abrindo caminho para seu reestabelecimento.

Contexto internacional e violência crescente

A decisão ocorre em um momento delicado, enquanto os Estados Unidos pressionam Israel e o Hamas para avançar com a segunda fase do cessar-fogo em Gaza. O plano mediado pelos americanos prevê um possível "caminho" para um Estado palestino, um objetivo que a expansão dos assentamentos, considerados ilegais pelo direito internacional, visa explicitamente impedir.

A onda de construção é acompanhada por um aumento da violência de colonos israelenses contra palestinos na Cisjordânia. Durante a colheita de azeitonas em outubro, foram registrados uma média de oito ataques diários, o maior número desde que a ONU começou a coletar dados, em 2006. Os ataques, que incluíram queima de carros, profanação de mesquitas e destruição de plantações, continuaram em novembro.

Confrontos e mortes recentes

O anúncio da expansão dos assentamentos foi precedido por novos confrontos violentos. O Ministério da Saúde palestino da Cisjordânia informou que dois palestinos foram mortos em confrontos com o Exército israelense na noite de sábado (20). Um deles foi identificado como Rayan Abu Muallah, de 16 anos. A mídia palestina divulgou imagens de segurança que mostram o adolescente sendo baleado por soldados enquanto se aproximava deles, aparentemente sem atirar nada. O Exército israelense afirmou que um "militante" foi morto após atirar um bloco de concreto contra tropas e que o incidente está sob investigação.

As operações militares israelenses na Cisjordânia se intensificaram desde outubro. Enquanto isso, mais de 500 mil judeus israelenses já vivem em assentamentos na Cisjordânia, além de mais de 200 mil em Jerusalém Oriental, áreas capturadas por Israel na guerra de 1967 e reivindicadas pelos palestinos para um futuro Estado.