
Numa jogada que surpreendeu exatamente zero pessoas familiarizadas com seu modus operandi, Donald Trump resolveu mirar seus canhões para um novo alvo: os museus da capital americana. E olha que ele não veio com papinho mole não.
Através de sua recém-criada plataforma de mídia social — porque, convenhamos, ele não é mais bem-vindo nas antigas — o ex-presidente soltou o verbo contra o que classificou como "uma enxurrada de ideologia woke" infestando instituições culturais em Washington. A ameaça? Cortar toda a verba federal que sustenta esses lugares, seguindo o mesmo roteiro que já aplicou em universidades.
Não é de hoje que Trump trata a expressão "woke" como seu pessoal arqui-inimigo público número um. Mas dessa vez, o alvo não são campi universitários — é todo o complexo de museus Smithsonian, aquele conglomerado gigantesco que inclui de tudo, desde o Museu de História Natural até a Galeria Nacional de Arte.
E ele não economizou nas palavras. Chamou as exibições de "vergonhosas", acusou curadores de "doutrinação esquerdista" e prometeu, se voltar à Casa Branca, "fazer uma limpa" no financiamento. A estratégia é clara: usar o poder da tesoura orçamentária para calar vozes que discordam de sua visão de mundo.
O que me faz pensar: será que alguém avisou pra ele que museus não são exatamente reality shows? Que a função deles é justamente provocar reflexão, não apenas confirmar preconceitos?
Mas ironias à parte, a ameaça é concretíssima. Durante seu mandato, Trump já mostrou que não tem papas na língua — ou no orçamento. Cortes em programas culturais e científicos foram frequentes, sempre acompanhados de retórica inflamada contra o que ele chama de "globalismo" e "marxismo cultural".
Especialistas em política cultural já estão de cabelo em pé. Cortes sustentados nas verbas federais — que são a espinha dorsal do financiamento de muitos museus — poderiam literalmente fechar portas de instituições centenárias. Imagina o Museu do Ar e Espaço sem recursos? Ou a coleção histórica nacional mofando?
E o timing não poderia ser mais calculado. Com a eleição presidencial se aproximando a passos largos, Trump claramente busca reforçar sua imagem de guerreiro contra a "censura woke" — um slogan que, love it or hate it, ressoa fortemente com sua base mais fiel.
Resta saber como as instituições culturais vão reagir. Algumas podem tentar negociar, outras podem cavar trincheiras e preparar para a batalha legal. Uma coisa é certa: a guerra cultural americana acaba de ganhar mais uma frente, e dessa vez é entre um ex-presidente e… bem, a história itself.