
Enquanto Austin dormia, uma cena surreal desenrolava-se sob as cúpulas do Capitólio do Texas. Lá estava ele: um homem de terno, saco de dormir estendido no frio do mármore, determination written all over his face. Não era um sem-teto. Era um legislador em missão.
O democrata John Bucy III transformou o saguão do poder em seu quarto de protesto. Sua motivação? Um pacote legislativo que, nas entrelinhas, parece desenhado para silenciar vozes. Especificamente, vozes de minorias que tendem a votar contra o ex-presidente Trump.
«Eles querem dificultar o voto de quem pensa diferente», disparou Bucy, com a voz ainda rouca de uma noite maldormida. «Não podia ficar calado.»
O Cerco ao Voto
A lei em questão é um verdadeiro labirinto de obstáculos. Ela praticamente enterra o drive-thru voting, uma modalidade que fez sucesso durante a pandemia. Também aperta o cerco contra o voto por correio, exigindo documentos que muita gente simplesmente não tem à mão.
Mas o ponto mais polêmico? Dá poder total aos «observadores partisanos» — uma turma que pode ficar pertinho das urnas, intimidando eleitores. Um clima de tensão deliberadamente fabricado.
Uma Noite de Simbolismos
Bucy não estava sozinho em espírito. Sua vigília solitária ecoou um movimento nacional. Democratas de outros estados, como Oregon e Washington, já usaram táticas similares para travar agendas conservadoras. É a política do cansaço, do corpo como instrumento de barricada.
«Às 3 da manhã, você pensa em desistir», confessou o parlamentar. «Mas aí lembra das pessoas que serão afetadas. E segue em frente.»
O protesto, claro, não parou a lei. O Texas é um reduto republicano firme. Mas plantou uma semente. A imagem de um homem sozinho contra um sistema poderoso é daquelas que gruda na memória. Viralizou nas redes, virou símbolo de uma resistência que se recusa a baixar a cabeça.
Enquanto isso, a guerra pelo voto nos EUA segue aquecida. E o chão frio do Capitólio do Texas provou, mais uma vez, que a democracia às vezes se faz com os pés no chão — mesmo que seja para dormir sobre ele.