
Parece que a política peruana não conhece a palavra tranquilidade. Nesta quarta-feira, o plenário do Congresso recebeu aquilo que muitos já esperavam: um pedido formal de vacância presidencial contra Dina Boluarte. A coisa está séria, e digo isso não só pelo documento em si, mas pelo clima pesado que se instalou em Lima.
O que me chamou atenção — e muito — foram os números. São 28 parlamentares assinando essa petição. Vinte e oito! Não é pouca gente querendo a cabeça da presidente. E os motivos? Bem, eles alegam uma tal de "incapacidade moral permanente". Soa familiar, não? É a mesma justificativa que derrubou Pedro Castillo há não muito tempo.
Os porquês desse terremoto político
Os deputados que encabeçam esse movimento — entre eles a congressista Susel Paredes, uma das vozes mais críticas do governo — apontam várias razões. A principal deles? A forma como Boluarte tem lidado com os protestos sociais que sacodem o país desde que ela assumiu o cargo. Há quem diga, nos corredores do Congresso, que a situação está completamente fora de controle.
Mas não para por aí. Eles também acusam a presidente de — prepare-se — "grave demora" na entrega de informações sobre supostas irregularidades no Ministério Público. É como se estivessem dizendo: "Ou você não sabe o que acontece no seu governo, ou sabe e não quer contar".
O que diz a defesa?
Do outro lado, a defesa de Boluarte se agarra a um argumento que, convenhamos, tem seu peso: ela alega perseguição política. Segundo seus aliados, tudo não passa de uma manobra para desestabilizar o governo. E olha, considerando a instabilidade política que virou rotina no Peru, até que faz sentido.
O curioso — ou talvez previsível — é que esse pedido chega exatamente quando completam 21 meses desde aquela crise que levou à queda de Castillo. Parece que o país não consegue encontrar seu equilíbrio.
E agora, o que esperar?
Bom, o processo segue um caminho bem definido, pelo menos no papel. Primeiro, a Mesa Directiva do Congresso precisa admitir o pedido. Se isso acontecer — e é um "se" bem grande — a coisa começa a engrenar de verdade.
- Debates acalorados no plenário (isso é garantido)
- Votação que exige 52 votos para aprovar a admissibilidade
- E, se passar, mais 87 votos para destituir a presidente
Parece complicado? É porque é mesmo. A política peruana virou um verdadeiro campo minado.
Enquanto isso, nas ruas de Lima, a população parece dividida. Uns comemoram a possibilidade de Boluarte sair, outros temem mais instabilidade. É aquela velha história: trocar seis por meia dúzia? Só o tempo dirá.
Uma coisa é certa: o Peru vive mais um daqueles momentos que definem rumos. E Dina Boluarte, que chegou ao poder em meio a uma crise, agora enfrenta a possibilidade real de sair por uma ainda maior. A história gosta de ironias, não gosta?