Peru em Crise: Congresso Afasta Presidente Dina Boluarte em Movimento Político Histórico
Peru: Congresso afasta presidente Dina Boluarte

O Peru mergulhou numa das crises políticas mais profundas de sua história recente. Nesta quinta-feira, o Congresso aprovou a moção de vacância presidencial contra Dina Boluarte, acusando-a daquilo que chamam de "incapacidade moral permanente". Uma decisão que, convenhamos, não chega exatamente como surpresa para quem acompanha o turbilhão político peruano.

O placar foi bastante significativo: 67 votos a favor do afastamento, enquanto 43 parlamentares se posicionaram contra. Apenas 9 preferiram se abster. Esses números falam por si só - a divisão no legislativo é profunda, mas a oposição à presidente conseguiu reunir forças suficientes para o que muitos já chamam de um "golpe constitucional".

O que levou a essa situação extrema?

Boluarte, que assumiu a presidência em dezembro de 2022 após a queda de Pedro Castillo, vinha enfrentando uma tempestade perfeita de problemas. A gota d'água parece ter sido as acusações relacionadas ao uso de joias de luxo - algo que, em um país com tantas carências, soa particularmente insensível. Mas a verdade é que a crise vem se arrastando há meses.

O país andino vive uma instabilidade política crônica que beira o insuportável. Nos últimos oito anos, impressionantes seis presidentes passaram pelo Palácio de Governo. Uma rotatividade que deixaria qualquer tontura - e que diz muito sobre as fundações frágeis da democracia peruana.

E agora, o que acontece?

Com a vacância aprovada, assume temporariamente o presidente do Congresso, José Williams. Ele terá a tarefa hercúlea de conduzir o país até que novas eleições sejam convocadas. Falando nisso, a ideia é que os peruanos voltem às urnas em abril de 2026 - mas, convenhamos, no ritmo atual das coisas, tudo pode mudar até lá.

O curioso - ou talvez trágico - é que Boluarte já havia prometido antecipar as eleições para 2024. Promessa que, como tantas outras na política, acabou ficando pelo caminho. E agora ela colhe os frutos amargos dessa decisão.

A situação é tão complexa que até mesmo os analistas mais experientes parecem perdidos. De um lado, a presidente acusa o Congresso de dar um "golpe branco". Do outro, os parlamentares defendem que estão apenas cumprindo seu papel constitucional. No meio disso tudo, o povo peruano que sofre as consequências.

Não é exagero dizer que o Peru vive um daqueles momentos que definem o futuro de uma nação. As instituições estão sendo testadas até seus limites, a polarização atinge níveis perigosos, e o fantasma da instabilidade ronda cada decisão política.

Enquanto isso, o mundo observa com atenção. Porque o que acontece no Peru não fica no Peru - serve de alerta (ou exemplo) para outras democracias frágeis na região. Resta saber se esta será a pá de cal no mandato de Boluarte ou se ainda há reviravoltas nesse roteiro já tão dramático.