
Mais um capítulo na escalada de tensões entre o governo da Nicarágua e a Igreja Católica. Desta vez, o alvo foi o Colégio Diocesano Pureza de María, em Manágua — tomado à força pelo regime de Daniel Ortega na última sexta-feira (16).
Segundo relatos, agentes do Ministério do Interior chegaram sem aviso prévio, ordenaram a saída de funcionários e estudantes, e colocaram cadeados nos portões. "Foi um ato de pura arbitrariedade", desabafou uma professora que preferiu não se identificar, com a voz ainda trêmula.
O que está por trás do conflito?
Desde 2018, quando protestos populares sacudiram o país, Ortega intensificou a perseguição a vozes críticas — e a Igreja Católica, que mediou diálogos na época, tornou-se alvo. Só neste ano, pelo menos cinco instituições religiosas foram confiscadas ou fechadas.
- Em abril, a Universidade Católica foi tomada
- Em maio, uma emissora de rádio diocesana foi silenciada
- Agora em agosto, o golpe contra a educação básica
"É como assistir a um filme de terror em câmera lenta", comentou um analista político local, referindo-se ao gradual fechamento de espaços civis no país.
Reações internacionais
Enquanto isso, a comunidade internacional não ficou parada:
- A OEA condenou o ato como "violação flagrante da liberdade religiosa"
- O Vaticano emitiu nota de "profunda preocupação"
- Até mesmo governos tradicionalmente aliados, como o mexicano, manifestaram desconforto
Mas Ortega, que completa 17 anos no poder em 2024, parece pouco disposto a recuar. Seus aliados justificam as ações como "cumprimento da lei" — embora não detalhem qual lei autorizaria tais medidas.
Enquanto isso, pais e alunos do colégio — que funcionava há 64 anos — tentam entender como continuar os estudos. "Minha filha chorou a semana toda", conta uma mãe, enquanto arruma as mochilas que talvez não voltem a ser usadas tão cedo.