
Eis que Javier Milei, aquele presidente argentino que não tem papas na língua, resolveu dar mais um capítulo na sua já turbulenta política externa. Seguindo os passos do ex-presidente americano Donald Trump — quem diria, não é mesmo? — o líder portenho acabou de classificar o suposto cartel do regime de Nicolás Maduro como... organização terrorista.
Pois é. A coisa ficou séria.
O anúncio, feito nesta quarta-feira, não veio sozinho: veio carregado de um tom duríssimo, daqueles que a gente já começa a esperar vindo de Milei. Mas calma, não foi algo totalmente inédito. Na verdade, a medida espelha uma decisão similar que os Estados Unidos tomaram lá em 2020, ainda no governo Trump.
O que significa essa decisão na prática?
Bom, em termos concretos, a classificação como organização terrorista permite que o governo argentino congele bens do grupo — caso existam em território portenho — e proíba qualquer tipo de transação ou apoio financeiro direto ou indireto. Não é pouca coisa.
O cartel dos Soles, como é conhecido, supostamente opera dentro das próprias Forças Armadas da Venezuela e já foi acusado repetidas vezes de tráfico de drogas em escala continental. Sério mesmo.
E não pense que isso é só simbólico. Longe disso. A medida é vista como um alinhamento ainda mais forte da Argentina com a posição norte-americana em relação ao regime chavista — um movimento que, convenhamos, já era esperado considerando as declarações anteriores de Milei.
Contexto internacional: não é só sobre Venezuela
Ah, e tem mais. A decisão argentina chega em um momento particularmente delicado nas relações dentro da América Latina. De um lado, governos de esquerda — como Brasil, Colômbia e México — que defendem uma abordagem menos confrontadora com Maduro. Do outro, uma direita que ganha força na região, representada justamente por figuras como Milei.
Não é exagero dizer que a região vive uma espécie de Guerra Fria tropical — sem tanques, mas com muitos comunicados, sanções e declarações inflamadas.
E olha, isso provavelmente não vai cair bem em Caracas. A Venezuela já reagiu com duras críticas a medidas similares no passado, chamando-as de "agressões imperialistas". Desta vez, não deve ser diferente.
Resta saber como outros países da região — inclusive o Brasil — vão posicionar-se diante desse novo capítulo na already conturbada relação entre Argentina e Venezuela.
Uma coisa é certa: Milei continua fazendo jus à sua fama de disruptivo. Goste-se ou não.