
Ela não esperava. Ninguém realmente espera, né? Mas eis que na manhã desta sexta-feira, o telefone tocou em Caracas — ou onde quer que ela estivesse — com uma notícia que vai mudar tudo. Maria Corina Machado, aquela mulher que teima em não calar, acabou de entrar para a história.
O Comitê Norueguês do Nobel — sim, aqueles mesmos que já premiaram tantas vozes corajosas — decidiu que 2025 seria o ano de reconhecer uma luta que parece não ter fim. E que luta! A venezuelana, com seus 57 anos de resistência, recebeu o maior prêmio de paz do planeta.
Mais do que um prêmio, um reconhecimento tardio
Quem acompanha a política venezuelana sabe: Maria Corina não é novidade. Engenheira de formação, ela trocou os cálculos pelas trincheiras da democracia há tempos. Fundou o partido Vente Venezuela em 2012 — parece que foi ontem — e desde então virou uma pedra no sapato do regime.
O que me impressiona, particularmente, é a persistência. Em 2014, ela já estava lá, denunciando a violência nas ruas de seu país perante a OEA. Teve o mandato de deputada cassado — claro, como quase sempre acontece com quem ousa — mas continuou. A mulher simplesmente não desiste.
Um ano de eleições, um prêmio estratégico?
2025 não é um ano qualquer na Venezuela. Há eleições presidenciais marcadas — embora ninguém saiba direito como vão ser — e o Nobel chega como um soco no estômago do governo atual. O Comitê do Nobel, aliás, foi bastante claro: destacaram seu "compromisso inabalável com soluções democráticas" num país que praticamente esqueceu o que isso significa.
Parece que o mundo finalmente decidiu escutar. E olha que ela já tinha tentado de tudo: protestos, denúncias internacionais, organização civil... Até ser presa, em 2023! A mulher foi detida — pasmem — por "conspiração" e ainda assim manteve a postura. Isso sim é coragem.
Repercussão que não vai ser pequena
Imagino a cara de alguns governantes por aí. O prêmio chega num momento delicadíssimo, com a oposição venezuelana tentando se reorganizar e o regime mostrando cada vez mais suas fissuras. Maria Corina agora tem um megafone global — e que megafone!
O que vai mudar? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: a luz dos holofotes internacionais agora está fixa na Venezuela de uma maneira que não estava antes. E para um governo que prefere as sombras, isso pode ser um problema sério.
Enquanto isso, nas ruas de Caracas e de tantas outras cidades venezuelanas, muita gente deve estar sorrindo — mesmo que por trás das janelas fechadas. É uma vitória simbólica, mas num país onde os símbolos são tudo o que resta, talvez seja mais importante do que parece.
Maria Corina Machado entra para a galeria dos laureados com Nobel da Paz — ao lado de nomes como Malala e Mandela — não por ter conseguido a paz, mas por nunca ter desistido de tentar alcançá-la. E nesses tempos sombrios, isso já é alguma coisa. Não é?