
Num tom que misturava urgência e esperança, Lula desembarcou em Santiago com aquele jeito característico — meio professor, meio sindicalista — pra cutucar a consciência latino-americana. O cenário? Um auditório lotado de autoridades que, diga-se de passagem, pareciam divididas entre o tédio protocolar e a curiosidade genuína.
Democracia em xeque
"Tem gente que acha que liberdade é like em rede social", soltou o presidente, arrancando risos discretos. Mas a brincadeira durou pouco. O clima pesou quando ele lembrou os "anos de chumbo" da região — e olha que não tava falando só dos anos 70, viu?
Entre um gole de água e outro, Lula foi costurando argumentos:
- Dados concretos sobre o comércio regional (que cresceu, mas poderia voar mais alto)
- Críticas veladas aos "profetas do apocalipse político"
- Um plano ousado pra integração energética
O elefante na sala
Ninguém esperava, mas ele tocou no assunto Venezuela sem papas na língua. "Não adianta fingir que não vê — ou a gente resolve isso juntos, ou vira problema de todo mundo", disparou, enquanto alguns diplomatas se remexiam nas cadeiras.
O momento mais inusitado? Quando citou uma música do Chico Buarque pra falar de soberania — "isso aqui, meu amigo, virou o carnaval da hipocrisia". Quem conhece o estilo Lula sabe: metáforas populares são sua arma secreta.
O que ficou de concreto?
Além dos discursos bonitos (que, convenhamos, não faltam nesses eventos), saíram duas novidades:
- Um grupo de trabalho Brasil-Chile pra tecnologia verde
- Compromisso de revisar acordos comerciais até o fim do ano
E no meio disso tudo, uma frase que ressoou: "Democracia sem pão na mesa vira peça de museu". Duro, mas difícil de discordar.