
Que sufoco! A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) finalmente pisou em solo brasileiro nesta quarta-feira, mas a experiência que trouxe na bagagem é daquelas que marcam para sempre. Após um verdadeiro calvário de 12 horas sendo interrogada pelas autoridades israelenses, ela não esconde a comoção ao falar sobre o que presenciou.
Parece coisa de filme, mas é pura realidade: a parlamentar integrava uma missão humanitária internacional quando foi detida no aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv. Junto com outros 13 ativistas — incluindo aquela galera corajosa da Frente Revolucionária do Povo Palestino —, ela viveu momentos de tensão que pareciam não ter fim.
"Eles nos trataram como criminosos"
Luizianne não poupa palavras ao descrever o tratamento recebido. "Foi desumano, vexatório", dispara a deputada, ainda visivelmente abalada. "Nos revistaram de forma constrangedora, confiscaram nossos celulares e passaportes como se fôssemos uma ameaça à segurança nacional."
O que mais chocou, no entanto, foram os relatos sobre as condições dos prisioneiros palestinos que conseguiu visitar antes da detenção. "É de cortar o coração", diz ela, com a voz embargada. "Muitos estão doentes, desnutridos, sem acesso a cuidados médicos básicos. A situação é, sem exagero, dramática."
O preço da solidariedade
Não foi fácil chegar até lá. A comitiva havia desembarcado na Jordânia no último sábado e enfrentou uma verdadeira epopeia para cruzar a fronteira com a Cisjordânia. Mas a determinação de documentar as violações de direitos humanos falou mais alto.
Curioso — ou talvez previsível — é que as autoridades israelenses alegaram "questões de segurança" para justificar a detenção. Só que a narrativa não colou. "É evidente que queriam nos impedir de testemunhar o que realmente acontece nos territórios ocupados", analisa Luizianne, com aquela lucidez que só quem viveu na pele consegue ter.
E olha que o Brasil não ficou parado! O Itamaraty entrou em cena, acionou o embaixador em Tel Aviv e trabalhou nos bastidores para garantir o retorno da comitiva. Mas convenhamos: 12 horas é tempo demais para quem só queria exercer solidariedade humanitária.
E agora, o que esperar?
Agora de volta ao Ceará, a deputada promete não se calar. "Vamos levar essas denúncias ao Congresso, à ONU, a todos os fóruns internacionais possíveis", garante, com aquela determinação que já conhecemos.
Enquanto isso, os outros ativistas detidos — incluindo aqueles da resistência palestina — seguem aguardando soltura. Uma espera angustiante, que parece não ter data para acabar.
No fim das contas, fica aquele gosto amargo de que a solidariedade internacional está cada vez mais criminalizada. E a pergunta que não quer calar: até quando o mundo vai fechar os olhos para o sofrimento do povo palestino?