
Numa virada que deixou observadores internacionais de queixo caído, o chanceler russo Sergei Lavrov decidiu fazer elogios — sim, elogios! — aos Estados Unidos durante aquela cúpula tensa sobre a Ucrânia. A Europa, por outro lado, levou uma saraivada de críticas que ecoaram pelos corredores diplomáticos.
Não foi um discurso qualquer. Lavrov, com aquela pose de quem segura todas as cartas, reconheceu que os americanos pelo menos foram diretos ao ponto, diferente dos europeus que, na visão dele, ficaram enrolando num ballet diplomático sem fim. "Transparência", ele destacou, como se fosse um elogio raro a ser concedido.
O Tom Mudou, a Estratégia Não
Mas não se engane. O tom mais suave em direção a Washington não significa, nem de longe, uma mudança real na posição de Moscou sobre o cerne do conflito. A Rússia continua firme em suas demandas, naquela velha lenga-lenga de garantias de segurança e oposição à expansão da Otan. Sabe, o mesmo disco arranhado de sempre.
O que realmente chamou atenção foi a frieza com que ele tratou os europeus. Lavrov não mediu palavras, sugerindo que o Velho Continente está mais perdido que cego em tiroteio, sem uma posição coerente ou independente — basicamente, seguindo o script escrito em Washington como marionetes. Um desprezo fino, daqueles que doem mais que grito.
Rachando a União Ocidental?
Analistas que acompanham o baile geopolítico de perto veem nessa manobra um clássico jogo de "dividir para conquistar". Ao puxar o tapete dos europeus e dar uma colher de chá aos americanos, Moscou parece tentar criar uma rachadinha na unidade ocidental. Será que vai colar? A história sugere que essas alianças são mais resilientes do que parecem, mas nunca se sabe.
O resultado prático dessa cúpula? Quase zero. Nada de avanços concretos, nenhum caminho novo para a paz. Apenas mais uma rodada de conversas que parecem girar em círculos, enquanto a situação no terreno — vamos ser francos — só se complica. Um verdadeiro diálogo de surdos, com consequências reais para milhões.
No fim das contas, o que Lavrov fez foi um exercício de narrativa. Um lembrete de que na diplomacia, às vezes, as palavras são tão importantes quanto as ações. E que até mesmo elogios podem ser weaponizados quando saem da boca certa.