
O clima entre Brasília e Washington está, pra dizer o mínimo, gelado. E a coisa acabou de escalar para um nível de confronto direto que poucos viram chegando tão rápido. Um membro de alto escalão do governo Trump soltou a bomba, e o alvo tem nome e sobrenome: o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Numa entrevista que mais pareceu um ultimato, Mike Davis – um daqueles caras que tem o ouvido do ex-presidente – deixou claro que não estão nem um pouco satisfeitos com as decisões do STF sobre redes sociais. A fala foi direta, sem rodeios, e carregada daquela arrogância típica de quem acha que o mundo todo deve se curvar às suas leis.
“A Primeira Emenda dos EUA é a lei da terra, e nenhum juiz estrangeiro – muito menos um juiz brasileiro – pode passar por cima dela”, disparou Davis, com a convicção de quem está dando uma aula de civismo para um aluno rebelde. A mensagem não poderia ser mais clara: para o círculo próximo de Trump, as ordens judiciais de Moraes que obrigam plataformas a remover conteúdo são, na visão deles, pura e simples censura.
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O que está realmente em jogo aqui vai muito além de uma discussão jurídica chata. É uma guerra de narrativas, um cabo-de-guerra pelo controle da narrativa global. De um lado, o STF argumenta que está combatendo crimes digitais, fake news e discursos de ódio que ameaçam a democracia. Do outro, os apoiadores de Trump veem isso como uma manobra autoritária para calar vozes dissidentes – principalmente as de bolsonaristas radicais.
Davis foi além e soltou uma ameaça velada, do tipo que faz diplomatas terem pesadelos. Ele sugeriu, sem meias palavras, que as empresas americanas que seguirem ordens judiciais brasileiras consideradas “censuradoras” podem sofrer sérias retaliações… do governo dos Estados Unidos. Imagina o tamanho do pepino?
Numa ironia que não escapou a ninguém, o mesmo pessoal que acusa Moraes de ser “autoritário” está, essencialmente, dizendo que a lei americana se sobrepõe à soberania de um país independente. A hipocrisia, como sempre, é gritante.
E Agora, José?
O recado de Davis é um sinal perigoso de que, se Trump vencer em novembro, a relação Brasil-EUA pode entrar em um território extremamente hostil. Não se trata mais de desentendimentos comerciais ou tarifas sobre aço. É uma disputa fundamental sobre poder, jurisdição e quem dita as regras no vasto e selvagem mundo digital.
O Itamaraty, até agora, mantém um silêncio estratégico – mas é um silêncio que dói. Especialistas em relações internacionais já preveem um embate jurídico e diplomático dos grandes, algo que pode parar até mesmo na Corte Internacional de Haia.
Uma coisa é certa: o Brasil, sob a batuta do STF, não vai recuar. Moraes já mostrou que não tem medo de polêmica. A pergunta que fica é: até onde os dois lados estão dispostos a ir nesse jogo perigoso de xadrez geopolítico? As próximas jogadas prometem fogo.