
Lima não é mais a mesma. As ruas que antes respiravam a tranquilidade do dia a dia agora fervem com uma energia que não se via há anos. E o curioso? Quem está comandando esse verdadeiro terremoto social são justamente os mais jovens - a tal Geração Z que muitos subestimavam.
O que começou como um protesto isolado contra uma reforma da Previdência que praticamente extinguia a aposentadoria para quem tem menos de 30 anos rapidamente se transformou em algo muito maior. Algo que beira uma revolução geracional, para ser sincero.
O estopim que ninguém esperava
Duas medidas do governo Dina Boluarte funcionaram como gasolina no fogo. A primeira, aquela reforma previdenciária que basicamente dizia aos jovens: "esqueçam a aposentadoria, vocês vão trabalhar até morrer". A segunda? Uma tentativa descarada de anistiar ninguém menos que Alberto Fujimori - figura que divide opiniões no país como poucas.
E aí, me pergunto: será que o governo realmente achou que a geração do TikTok e do Instagram não se importaria com o futuro do país? Parece que subestimaram demais essa turma.
As ruas falam mais alto
Não são apenas cartazes e palavras de ordem. Os números impressionam: mais de 20 mil pessoas só na capital Lima, segundo estimativas de observadores internacionais. E o que me chama atenção é a criatividade dos protestos.
- Performances artísticas que misturam dança e política
- Intervenções digitais que viralizam nas redes
- Assembleias populares em universidades
- Até memes - sim, memes - sendo usados como arma política
É como se alguém tivesse reinventado o manual do ativismo do zero. E olha, está funcionando.
O governo entre a cruz e a espada
Dina Boluarte, que já navegava em águas turbulentas desde que assumiu após a queda de Pedro Castillo, agora enfrenta seu maior desafio. A resposta inicial do governo foi... bem, patética, para ser franco. Primeiro tentou ignorar. Depois minimizar. Agora, com as ruas pegando fogo, não sabe mais para onde correr.
O Congresso, pressionado, já fala em "revisar" a reforma. Mas será que é tarde demais? Quando você desperta a fera da mobilização juvenil, não basta meias-medidas.
Por que isso importa para todos nós?
O que acontece no Peru não fica no Peru. É um sinal claro de que a Geração Z está cansada de ser tratada como coadjuvante na política. Eles querem - e vão - mudar as regras do jogo.
Talvez o mais interessante seja observar como esse movimento consegue ser ao mesmo tempo local e global. Eles falam de problemas específicos do Peru, mas com uma linguagem que ecoa preocupações de jovens no mundo todo: futuro incerto, sistemas políticos obsoletos, a sensação de que as gerações anteriores estão literalmente queimando seu futuro.
Enquanto escrevo estas linhas, os protestos continuam. E algo me diz que estamos testemunhando apenas o começo de uma transformação muito maior. A pergunta que fica é: quantos outros países verão sua própria Geração Z seguir o mesmo caminho?