
Era como ver um castelo de cartas desmoronando em câmera lenta. Depois de 20 anos no comando da Bolívia, a esquerda levou uma saraivada de votos contrários que deixou até os analistas mais cínicos de queixo caído.
O resultado? Uma derrota tão retumbante que fez lembrar aqueles desastres de novela das oito — só que sem a trilha sonora dramática. A oposição, que parecia fragmentada até semana passada, conseguiu o improvável: unir-se no momento certo para virar o jogo.
O preço da divisão
Quem acompanha política sabe: quando a casa está dividida, os adversários fazem a festa. E foi exatamente isso que aconteceu. Enquanto os partidos de esquerda brigavam entre si por espaços e egos, a direita soube capitalizar o descontentamento popular.
"Foi como assistir a um time campeão se autoeliminar por brigas internas", comentou um analista político de La Paz, sob condição de anonimato. "No final, o placar não mentiu: a população cansou da novela."
Os números que doem
- Queda de 38% na votação em relação às últimas eleições
- Perda de 7 das 10 principais cidades do país
- Rejeição recorde entre jovens de 18 a 25 anos
Não foi uma simples derrota — foi um terremoto político que deve reconfigurar o cenário por anos. E o pior? Muita gente no partido já via a crise chegando, mas ninguém fez nada. "A gente brincava que estava enxugando gelo", confessou um militante veterano.
O que vem por aí?
Agora, o balde de água fria trouxe à tona perguntas incômodas. Será que o modelo esgotou? Ou foi apenas uma tempestade perfeita de erros estratégicos?
Uma coisa é certa: a reconstrução não será fácil. Com novas lideranças surgindo e velhas feridas abertas, o caminho de volta ao poder parece mais íngreme do que os Andes bolivianos.
Enquanto isso, nas ruas, o clima é de desencanto. "Votamos contra, mas sem muita esperança", resume uma vendedora de 54 anos. E assim, entre ceticismo e alívio, a Bolívia vira mais uma página de sua conturbada história política.