
Parece que o gatilho da língua afiada de Eduardo Bolsonaro engasgou. E não foi por pouco. O deputado federal, aquele mesmo que não economiza adjetivos quando o assunto é atacar adversários — principalmente os de esquerda —, deu uma segurada histórica.
Trump, comunista? Nem pensar. A ironia é grossa, daquelas que não passam despercebidas.
O histórico que fala mais alto
Quem acompanha o parlamentar sabe: ele tem um repertório criativo para classificar quem desaprova. Lula? Comunista. Xi Jinping? Comunista. Até mesmo o Papa Francisco já foi alvo do mesmo rótulo. Parece aquele amigo que tem uma resposta padrão para tudo, só que no caso dele, a resposta é sempre "comunista".
Mas eis que surge Donald Trump, e o script muda completamente. O ex-presidente americano, que hoje enfrenta processos judiciais que ele mesmo classifica como "caça às bruxas", recebe um tratamento diferenciado. Nada de etiquetas vermelhas.
O cálculo político por trás das palavras
O que explica essa súbita moderação verbal? Será que Eduardo Bolsonaro descobriu o significado de diplomacia? Difícil acreditar.
Analisando friamente — e política raramente é sobre sentimentos —, a explicação parece óbvia: Trump representa um ativo político valiosíssimo para a direita brasileira. Chamá-lo de comunista seria como dar um tiro no próprio pé. Um tiro de canhão, diga-se de passagem.
É aquela velha história: na política, assim como na vida, algumas verdades são inconvenientes demais para serem ditas em voz alta.
As regras não escritas do jogo
Parece existir uma hierarquia tácita quando o assunto é distribuir acusações. Algumas figuras estão "blindadas" pelo alinhamento ideológico, mesmo quando suas ações poderiam — hipoteticamente — se encaixar na cartilha do inimigo.
- Processos judiciais? "Perseguição política" quando é com Trump
- Intervenção estatal? "Medida necessária" em certos contextos
- Retórica contra o sistema? "Discurso patriótico" de acordo com o emissor
As mesmas ações recebem classificações radicalmente diferentes dependendo de quem as pratica. Conveniente, não?
O silêncio que diz tudo
Às vezes, o que não é dito revela mais do que mil discursos. A recusa de Eduardo Bolsonaro em estender a Trump o mesmo tratamento que dispensa a outros líderes fala volumes sobre:
- O pragmatismo acima da ideologia — quando convém
- A seletividade nas críticas — surpresa zero aqui
- Os limites da retórica antissistema — que para quando encontra aliados poderosos
No fundo, é a política real mostrando sua cara, aquela mesma que sempre existiu, independentemente de bandeiras ou slogans.
E você, o que acha? É estratégia, é hipocrisia, ou apenas o jogo político funcionando como sempre funcionou? A resposta, provavelmente, está em algum lugar no meio disso tudo — como quase sempre está.