Dokdo: A ilha coreana que virou símbolo de resistência e paz
Dokdo: símbolo da resistência coreana por paz

A brasileira Milena Abreu, mestranda em Tecnologia da Educação na Universidade de Konkuk, em Seul, teve uma experiência transformadora ao visitar a Ilha de Dokdo. Convidada pelo programa de Repórteres Globais de Dokdo 2025, ela descobriu que este pequeno território vai muito além de um simples ponto no mapa - é um símbolo vivo da resistência e orgulho nacional coreano.

Uma história marcada pela dor e superação

Quando pensamos na Coreia do Sul, normalmente lembramos do K-pop, dos K-dramas e da culinária tradicional que conquistaram o mundo. Porém, por trás desta cultura vibrante, existe uma nação com memórias profundas de sofrimento e ocupação. A Ilha de Dokdo representa precisamente esta história de resiliência.

O território coreano sempre teve localização estratégica, sendo alvo de invasões por diferentes países ao longo dos séculos. Mas foi a ocupação japonesa que deixou marcas mais profundas. Entre 1910 e 1945, a península coreana viveu sob domínio japonês, passando por um processo de repressão cultural e tentativa de apagamento de sua identidade.

Durante 48 anos, Dokdo foi injustamente tomada como território japonês, começando pela invasão forçada iniciada em 1905, durante a Guerra Russo-Japonesa. Somente em 1953, com o Tratado de São Francisco, este conjunto de rochedos no Mar do Leste voltou a ser reconhecido como território coreano.

A experiência transformadora na ilha

Milena Abreu descreve sua viagem até Dokdo como mais do que uma simples travessia marítima. Foi um mergulho na história viva da Coreia do Sul, onde cada rocha e cada trilha contam uma história de resistência.

O mar intenso, o vento forte e a paz solene no ar criaram uma atmosfera única. Caminhar pelas trilhas da ilha e observar as flores Haeguk balançando com o vento trouxe uma sensação de que o tempo desacelerava, permitindo conectar-se com as memórias daqueles que resistiram.

Para uma brasileira, foi impossível não traçar paralelos com a própria história do Brasil. Se nosso grito de independência ecoou às margens do Ipiranga, o da Coreia ressoa nas ondas que circundam Dokdo.

Dokdo como símbolo de paz e reconciliação

Enquanto outros lugares da história coreana evocam lembranças de dor, Dokdo transmite serenidade. O vento que sopra entre suas rochas parece sussurrar que o sofrimento passou, mas não foi esquecido.

Os coreanos veem Dokdo não apenas como uma ilha, mas como um símbolo de sua soberania, especialmente diante das constantes reivindicações territoriais do Japão. Muitos interpretam estas reivindicações como uma extensão do passado colonial.

Para que haja paz mundial, as antigas potências coloniais precisam cultivar a disposição de caminhar lado a lado com seus vizinhos. Lembrar de Dokdo é reafirmar que a história não pode ser esquecida, e que a verdadeira paz só é possível quando há respeito e reconciliação entre os povos.

A lição que Dokdo deixa é profunda: um país não é apenas um território, mas a soma de suas cicatrizes, sua coragem e suas lembranças. Para que haja paz, é sempre preciso lembrar da dor.

Dokdo não é apenas uma ilha. É a voz da Coreia dizendo ao mundo: nós resistimos, nós existimos, e nós vencemos - alcançamos a paz, e daqui podemos espalhar essa energia para outros cantos, assim como as pétalas das flores são levadas pelo vento e desaparecem no mar.