
Era uma manhã de terça-feira comum em La Paz, até que os primeiros boletins de apuração começaram a chegar. O que se seguiu foi um terremoto político — desses que mudam os rumos de uma nação. Depois de 20 anos ininterruptos sob governos socialistas, a Bolívia finalmente vê a direita conquistar espaço suficiente para disputar o poder no segundo turno.
Não foi por pouco. A disputa estava acirrada como um jogo de futebol entre rivais históricos. Os números mostravam uma vantagem mínima, mas suficiente para deixar os apoiadores da oposição em êxtase — e os militantes do MAS (Movimento ao Socialismo) com aquela sensação de "fim de festa".
O que mudou no eleitor boliviano?
Analistas apontam três fatores cruciais:
- Cansaço da população com os mesmos rostos no poder
- Crise econômica que atingiu em cheio as classes média e baixa
- Novos ventos soprando na América Latina
"A Bolívia parece ter seguido o mesmo caminho do Chile e da Colômbia", observa o cientista político Juan Pérez, referindo-se às recentes vitórias da direita nesses países. "Quando a esquerda fica muito tempo no poder, cria-se uma espécie de fadiga democrática."
Mas calma lá — não é hora de cantar vitória ainda. O segundo turno promete ser uma batalha épica, com os candidatos precisando conquistar eleitores indecisos que, diga-se de passagem, estão mais exigentes do que nunca.
O que esperar das próximas semanas?
Preparem-se para:
- Disputa acirrada por cada voto
- Ataques mútuos entre os candidatos
- Manifestações nas ruas (isso na Bolívia nunca falta)
Enquanto isso, os mercados já reagiram com otimismo à possibilidade de mudança. O dólar paralelo — aquele que todo mundo acompanha mas ninguém admite — caiu quase 2% assim que os resultados preliminares foram divulgados.
Resta saber se essa virada política será passageira como um temporal de verão ou se marcará o início de uma nova era para o país andino. Uma coisa é certa: depois de 20 anos, a Bolívia nunca esteve tão perto de virar essa página.