
A coisa ficou feia, e feia mesmo, no Mar da China Meridional. Na verdade, feia é pouco — estamos falando de um verdadeiro barril de pólvora prestes a explodir. Neste sábado, 12 de outubro, a já tensa relação entre China e Filipinas deu mais um passo perigoso rumo ao abismo.
Navios das duas nações se envolveram numa troca de farpas — e de jatos d'água de alta pressão — que deixou todo mundo com o pulso acelerado. O cenário? As águas disputadas do Segundo Thomas Shoal, um daqueles pontos no mapa que ninguém ouviu falar até que vira palco de conflito.
O Incidente que Acendeu o Pavio
Segundo Manila, a coisa começou quando embarcações chinesas, sem a menor cerimônia, bloquearam e atacaram com canhões d'água dois barcos filipinos que realizavam uma missão de rotina. A água não era morna não — jatos potentes que danificaram seriamente um dos navios. Para completar o serviço, houve colisão. Sim, navios se chocando em alto-mar como num jogo perigoso de chicken no oceano.
Do outro lado, os chineses contam uma história completamente diferente. Claro. Acusam as Filipinas de "invadir ilegalmente" águas que consideram suas, afirmando que apenas tomaram "medidas necessárias" para expulsar os intrusos. É aquela velha história — cada um puxa a brasa para sua sardinha.
O Pano de Fundo dessa Briga que Não é de Hoje
O que muita gente não percebe é que essa briga vem de longe. O Segundo Thomas Shoal não é apenas um monte de pedras no meio do mar — é um símbolo. As Filipinas mantêm lá, estrategicamente encalhado desde 1999, o navio BRP Sierra Madre. Sim, um navio militar deliberadamente encalhado que serve como posto avançado.
A China, por sua vez, não engole essa presença. Considera a área parte integral de seu território, baseando-se na famosa — e controversa — "linha dos nove traços" que desenha no mapa quase todo o Mar da China Meridional como seu quintal.
Reações que Não Deixam Barato
Manila não ficou quieta. O Departamento de Relações Exteriores filipino soltou um comunicado duríssimo, classificando as ações chinesas como "ilegais, agressivas e perigosas". A linguagem diplomática foi deixada de lado — estamos falando de acusações diretas que soam quase como um ultimato.
Enquanto isso, em Pequim, a narrativa segue o roteiro de sempre: soberania inquestionável, direito de defender território, e acusações de provocação contra as Filipinas. É um diálogo de surdos onde ninguém parece disposto a ceder um centímetro.
O que me preocupa — e deveria preocupar a todos — é que esses incidentes vêm se tornando mais frequentes e mais intensos. Canhões d'água hoje, quem sabe o que amanhã? A região é um palco geopolítico delicadíssimo, com interesses americanos, japoneses e de outros países asiáticos em jogo.
Enquanto isso, no meio do mar, navios continuam sua dança perigosa — uma coreografia onde um passo em falso pode custar muito mais do que um casco amassado.