
O Itamaraty resolveu não ficar calado. Nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fez um daqules pronunciamentos que marcam posição — e que podem ecoar pelos corredores da diplomacia internacional.
O tema? Aquela questão espinhosa que parece não ter fim: o conflito entre Israel e Palestina. E a posição brasileira veio com endosso claro ao plano de paz proposto pelos Estados Unidos para Gaza.
Um alinhamento que fala volumes
Não foi um mero "tomamos conhecimento". Longe disso. O chanceler brasileiro usou palavras fortes — "aplaudimos" — para descrever a reação do governo Lula à iniciativa norte-americana. Parece pouco, mas na linguagem diplomática é quase um abraço de urso.
O que está em jogo aqui? Basicamente, Washington está propondo um caminho para desarmar a bomba-relógio que Gaza se tornou. E o Brasil, que sempre se viu como um ator global com credenciais para falar de paz, não perdeu a chance de se associar à proposta.
Os detalhes que importam
Vieira foi além do apoio genérico. Ele destacou pontos específicos que, na visão brasileira, fazem do plano americano algo digno de apoio:
- O fim imediato das hostilidades — porque ninguém aguenta mais ver civis morrendo de ambos os lados
- A solução de dois estados — aquela velha ideia que todo mundo sabe ser a única viável, mas que ninguém consegue fazer acontecer
- O reconhecimento mútuo — Israel e Palestina vivendo lado a lado, sem se matar
Não é de hoje que o Brasil defende essa posição, é verdade. Mas o timing — e o endosso explícito a uma proposta americana — é que faz a diferença. Num mundo cada vez mais polarizado, escolher lados nunca é simples.
O que não foi dito — mas está entre linhas
Quem acompanha política externa sabe: às vezes o mais importante é o que fica subentendido. E aqui, a mensagem é clara: o governo Lula quer manter pontes com Washington, mesmo com todas as diferenças ideológicas.
É uma jogada inteligente? Só o tempo dirá. Mas é inegável que posiciona o Brasil como um ator relevante no tabuleiro do Oriente Médio — um papel que sucessivos governos brasileiros tentam exercer, com altos e baixos.
O ministro deixou claro que não se trata de ingerência, mas de um legítimo interesse em ver a paz prevalecer. Afinal, num mundo globalizado, conflitos distantes têm consequências próximas — na economia, na segurança, até no preço do pão na padaria.
E agora?
O plano americano segue em discussão — e enfrenta resistências de ambos os lados. Radicalismos não desaparecem por decreto. Mas iniciativas como essa, apoiadas por países como o Brasil, pelo menos mantêm viva a chama da negociação.
Resta saber se as partes envolvidas estarão dispostas a ceder. A história do conflito sugere cautela — mas, como bem lembrou Vieira, sem diálogo não há solução. E o Brasil, pelo visto, quer ser parte desse diálogo.
Que venham os próximos capítulos. A região — e o mundo — precisam desesperadamente de um final feliz para essa história.