Bolívia dá rasteira em Evo Morales e enterra projeto de esquerda nas urnas
Bolívia rejeita Evo Morales em votação histórica

Não é todo dia que se vê um gigante político tombar com tanto estrondo. A Bolívia, essa nação andina que sempre marchou ao som dos próprios tambores, acaba de protagonizar uma reviravolta que deixou analistas de plantão com a palavra travada.

O resultado das urnas? Uma surra eleitoral de proporções épicas contra o Movimento ao Socialismo (MAS) do ex-presidente Evo Morales. A esquerda boliviana, que parecia intocável até pouco tempo atrás, levou um golpe duríssimo — daqueles que deixam marca.

Os números que falam por si

Quando a poeira baixou, a realidade apareceu em números cruéis. O partido de Morales, que já foi a força hegemônica incontestável, mal conseguiu amealhar uns 20% dos votos. Vinte por cento! Para quem estava acostumado a ditar as regras do jogo, é como levar um soco no estômago.

Enquanto isso, a oposição — essa velha conhecida que muitos já davam como enterrada — ressurgiu com uma força surpreendente. A aliança entre o ex-presidente Carlos Mesa e o governador Luis Fernando Camacho conseguiu o que parecia impossível: unir um campo fragmentado e apresentar uma alternativa viável.

O que diabos aconteceu?

Ah, essa é a pergunta de um milhão de dólares. Como um projeto político que governou por quase duas décadas — e com amplo apoio popular, diga-se — pode desmoronar tão rápido?

Alguns apontam para o desgaste natural do poder. Outros falam em erros estratégicos monumentais. E tem ainda quem cite a velha e boa rejeição que Morales acumulou após aquele episódio conturbado de 2019, quando insistiu em se perpetuar no cargo contra tudo e contra todos.

A verdade? Provavelmente um mix de tudo isso, com um tempero extra de crises econômicas e sociais que não perdoam ninguém.

O fator Evo

Morales, esse personagem quase mítico da política latino-americana, agora parece mais um general sem exército. Sua influência, outrora incontestável, mostra sinais claros de erosão. E o pior: não aparecem nomes à altura para assumir a liderança do movimento.

É curioso como o destino prega peças. O mesmo carisma que elevou Morales ao status de ícone popular agora trabalha contra ele — criou uma sombra tão grande que ofusca qualquer possível sucessor.

E agora, José?

O futuro da esquerda boliviana está mais nebuloso do que dia de tempestade nos Andes. Reconstruir dessa derrota humilhante exigirá mais do que discursos inflamados — será preciso uma autocrítica sincera e, talvez, uma reinvenção completa.

Enquanto isso, a oposição respira aliviada e já esfrega as mãos, antevendo a chance de governar o país após anos no deserto político. Resta saber se conseguirão capitalizar o descontentamento popular e converter protesto em projeto.

Uma coisa é certa: a Bolívia nunca mais será a mesma. E a esquerda latino-americana — ah, essa sai dessa com mais perguntas do que respostas.