
La Paz parece respirar um ar diferente nesta manhã de domingo. Nas filas dos colégios eleitorais, o burburinho mistura esperança e apreensão — como se todos sentissem que hoje não é um dia qualquer. A Bolívia, esse país acostumado a ziguezagues políticos dramáticos, pode estar prestes a dar mais um.
Os números preliminares? Bem, eles sugerem que o partido Comunidad Ciudadana, de centro-direita, está com vantagem. Carlos Mesa, seu candidato, aparece em algumas pesquisas com até 5 pontos na frente do atual presidente Luis Arce. Mas na política boliviana, como bem sabemos, pesquisas são só... pesquisas.
O que está em jogo
Depois de quase duas décadas sob a sombra do MAS (Movimento ao Socialismo), a possibilidade de uma virada conservadora faz os analistas coçarem a cabeça. Seria o fim da era Evo Morales? Ou apenas um respiro num ciclo que sempre volta?
- Economia: Com reservas internacionais minguando e inflação batendo na porta, o discurso de austeridade ganha terreno
- Relações internacionais: Uma vitória da direita poderia reaproximar La Paz de Washington — e distanciá-la de Caracas
- Protestos: Setores sociais já avisaram que não aceitarão resultados "antipovo" sem luta
Nas ruas de El Alto, um vendedor ambulante me disse algo que resume o clima: "Aqui a gente troca de camisa, mas o suor é o mesmo". Quase poético, não?
O fator imprevisível
Ah, os detalhes que fazem a diferença! O TSE boliviano implementou um novo sistema de contagem rápida — tecnologia israelense, dizem. Mas nas zonas rurais, onde o MAS sempre foi forte, há relatos de... digamos, "logística criativa" para garantir votos.
Enquanto isso, nas redes sociais, a guerra é outra. Memes pró e contra governo inundam o WhatsApp. Um deles, mostrando Arce como personagem de "O Poderoso Chefão", viralizou entre os jovens urbanos. Política 2.0 em estado puro.
O que esperar? Se tem uma coisa que aprendemos com a Bolívia é que previsões são ingênuas. Mas uma coisa é certa: quando os últimos votos forem contados, alguém vai ter que engolir seco.