
Parece piada pronta, mas não é. A Confederação Brasileira de Futebol, aquela mesma que não cansa de exibir números impressionantes sobre sua arbitragem, está novamente no olho do furacão. E olha que estamos falando de uma precisão que beira a perfeição - pelo menos no papel.
Os últimos jogos do Campeonato Brasileiro viraram um verdadeiro campo minado para os homens do apito. E o mais curioso? A crise explode justamente quando a CBF solta o peito para anunciar que seus árbitros acertam em 99,79% das decisões. Quase perfeição, diriam alguns. Mas o diabo, como sempre, mora nos detalhes.
Os números não mentem, mas... será?
Quando a CBF divulga que apenas 0,21% das jogadas analisadas pelo VAR apresentaram "clara e óbvia imprecisão", a gente até esfrega os olhos. Parece conto de fadas estatístico. Só que aí você liga a TV no domingo e vê aquela confusão toda no gramado - e começa a duvidar da própria sanidade.
O que me deixa pensando: será que estamos medindo as coisas certas? Porque números são números, mas o futebol... ah, o futebol é paixão, é emoção, é aquela decisão em fração de segundo que pode mandar um time para a série B ou garantir vaga na Libertadores.
A tal da "margem de erro aceitável"
Aqui mora o grande problema. A CBF considera "acertos" todas as decisões que não são claramente equivocadas. Parece complicado? É porque é mesmo. Na prática, significa que um lance duvidoso, aquele que divide opiniões até entre especialistas, entra na conta como acerto.
E olha só como as coisas funcionam:
- Analisaram impressionantes 5.649 lances desde que o VAR chegou
- Desses, apenas 12 foram considerados erros gritantes
- Mas os lances "cinzentos" - aqueles que geram discussão interminável - somam 79
É justamente nessa zona cinzenta que a crise se instala. Porque no futebol, diferente da matemática, meio erro pode significar um campeonato inteiro perdido.
Quando a tecnologia não basta
O VAR chegou para acabar com as polêmicas, mas parece que às vezes só aumenta a confusão. Tem horas que eu me pergunto se não estamos criando um monstro tecnológico que, em vez de ajudar, só complica mais as coisas.
Os árbitros de campo, coitados, vivem uma pressão danada. Qualquer decisão tomada pode ser revista, analisada, dissecada em mil ângulos diferentes. E no final, quem se ferra é o cara que está lá, no calor do jogo, tentando administrar 22 jogadores cheios de malandragem.
E aí vem a pergunta que não quer calar: será que tanta tecnologia não está tirando a essência do futebol? Às vezes sinto saudade da época em que o juiz apitava e pronto - certo ou errado, a decisão era respeitada.
O que esperar do futuro?
Bom, se tem uma coisa que aprendi acompanhando futebol brasileiro é que crise na arbitragem é como gripe: sempre volta. A CBF promete melhorias, os árbitros juram que vão evoluir, os clubes ameaçam processar... e no próximo fim de semana tem mais confusão.
O que me preocupa é que essa história de 99,79% de precisão pode acabar criando uma expectativa irreal. Futebol não é ciência exata, nunca foi e nunca será. Por mais tecnologia que a gente coloque, sempre vai ter aquele lance que vai gerar discussão no boteco, no grupo de WhatsApp e nas redes sociais.
No final das contas, o que importa mesmo é o espetáculo. E torcer para que, na próxima rodada, os erros - digo, os "0,21% de imprecisão clara e óbvia" - não decidam nada importante. Porque senão, aí sim a crise vai pegar fogo de verdade.