Senador brasileiro lidera comitiva aos EUA para negociar tarifas: 'Diálogo é essencial'
Senador brasileiro negocia tarifas com EUA: "Diálogo é essencial"

Numa jogada que pode definir os rumos do comércio exterior brasileiro nos próximos anos, um grupo de parlamentares desembarca em Washington com a missão delicada de destravar um dos nós mais espinhosos nas relações bilaterais. Liderados pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), os representantes do Congresso Nacional carregam na bagagem argumentos e números — mas acima de tudo, a convicção de que só o diálogo franco pode evitar uma guerra comercial que ninguém quer.

"Temos o dever histórico de buscar entendimento", afirmou Trad antes do voo, com aquela mistura de pragmatismo e otimismo típica de quem já negociou muito na vida. O tom não era de confronto, mas também não dava margem para ingenuidade: "Quando dois gigantes discutem, todo o mundo sai perdendo. Melhor conversar agora do que se arrepender depois".

O xis da questão

No centro da polêmica está a ameaça americana de aumentar tarifas para produtos brasileiros — uma retaliação que poderia custar caro para setores estratégicos da nossa economia. Do aço ao suco de laranja, passando por uma lista de itens que parece saída de um supermercado globalizado, os impactos seriam sentidos de Norte a Sul do país.

Mas o que pouca gente comenta é que o Brasil também tem cartas na manga. "Eles precisam do nosso nióbio tanto quanto nós precisamos de seus circuitos integrados", comentou um assessor parlamentar que preferiu não se identificar. A verdade é que essa dança das cadeias produtivas globais deixou todo mundo interdependente — e é nessa teia complexa que a comitiva tenta costurar um acordo.

Nos bastidores

Fontes próximas à organização da viagem revelam que os encontros foram minuciosamente preparados:

  • Reuniões com congressistas americanos de estados agrícolas — onde o agronegócio brasileiro é visto com desconfiança, mas também com interesse comercial
  • Conversas técnicas com o USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA) que devem durar até altas horas
  • Um almoço estratégico com empresários que atuam nos dois países, numa tentativa de alinhar discursos públicos e privados

Não vai ser moleza, como diria qualquer negociador experiente. Os americanos chegam com a famosa "hardball diplomacy" — aquela abordagem dura que marcou as relações comerciais da era Trump e que, de certa forma, sobreviveu às mudanças de governo. Do outro lado, os brasileiros apostam numa combinação de dados econômicos irrefutáveis e um certo jeitinho sul-americano para destravar impasses.

"Temos exemplos concretos de como essa relação pode ser ganha-ganha", insiste o senador, citando acordos setoriais que beneficiaram ambos os países no passado. A pergunta que fica: será que a linguagem dos números vai falar mais alto que o protecionismo?