
Num tom firme que misturava convicção jurídica e um quase desabafo cívico, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disparou: "O Brasil em 1988 deu um basta". A frase, dita durante um evento em São Paulo, ecoou como um lembrete histórico — a Constituição Cidadã não foi só um documento, mas um ponto final na tolerância a aventuras autoritárias.
E não foi um comentário solto no vento. O contexto? Um país que, nos últimos anos, viu sombras do passado tentarem se arrastar de volta ao cenário político. "A sociedade brasileira não aceita mais golpes", arrematou o ministro, com aquela ênfase de quem já viu de perto os bastidores de crises institucionais.
O peso das palavras
Moraes, conhecido por não economizar nas metáforas quando o assunto é democracia, comparou a Constituição a um "escudo" — não de papel, mas forjado no aço da vontade popular. "Ela não é perfeita, mas é nossa maior garantia contra retrocessos", admitiu, num raro momento de autocrítica institucional.
Detalhe curioso: o evento acontecia justamente no centro financeiro de São Paulo, onde empresários — muitos deles outrora simpáticos a discursos de "intervenção" — ouviam em silêncio. A ironia não passou despercebida.
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Numa passagem que pareceu dirigida a certos grupos políticos, Moraes foi taxativo: "Democracia não se negocia". A plateia, composta majoritariamente por juristas, reagiu com aplausos — mas alguns rostos ficaram curiosamente impassíveis.
E você, já parou pra pensar como seria o Brasil sem a Constituição de 88? Difícil imaginar, né? Pois é exatamente esse o ponto. Como disse o ministro entre um gole de café e anotações à mão no caderno: "Direitos conquistados são como árvores antigas — só damos valor quando alguém ameaça derrubá-las".