Lula promete 'surra' na extrema direita e anuncia veto a redução de penas
Lula promete 'surra' na extrema direita e anuncia veto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso contundente durante celebração de Natal com catadores de materiais recicláveis, prometendo uma verdadeira batalha política contra a extrema direita e anunciando uma decisão polêmica sobre um projeto de lei em tramitação no Congresso.

Discurso de confronto e defesa da gestão

Durante a ExpoCatadores 2025, realizada no pavilhão do Anhembi, em São Paulo, Lula afirmou que dará uma "surra em quem se meter a achar que a extrema direita vai voltar a governar esse país". O presidente, visivelmente energizado, lançou um desafio direto aos opositores: "Que venham! Porque nós vamos desafiar, não é com palavras, não é com xingatório".

Ele propôs uma comparação pública das gestões, focando em políticas sociais. "Eu quero comparar o que eles fizeram nesse país com o que nós fizemos. Eu quero comparar quem tem mais na saúde, quem tem mais na educação, quem tem mais no transporte, quem tem mais na política de inclusão social", desafiou Lula.

Veto à redução de penas e críticas ao negacionismo

Um dos pontos mais aguardados do discurso foi o posicionamento sobre o projeto de lei que reduz penas de condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos casos relacionados ao 8 de janeiro e à trama golpista. Lula foi taxativo: "Com todo respeito aos deputados e senadores que votaram a lei da redução da pena, eu quero dizer para vocês: eu vou vetar essa lei. E se eles quiserem que derrubem o meu veto".

O petista também fez duras críticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando-o como "extrema direita fascista, negacionista, responsável pela morte de mais de 700 mil pessoas". Ele destacou a novidade histórica de um ex-presidente preso por tentativa de golpe e a prisão de quatro generais de quatro estrelas pelo mesmo motivo.

"Pela primeira vez na história desse país, nós temos um presidente preso por tentativa de golpe", afirmou, referindo-se a Bolsonaro. "Pela tentativa de fazer um plano para matar o Lula, para matar o Alckmin e para matar o Alexandre Moraes", completou, citando o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF.

Energia e longevidade para a luta política

Aos 80 anos, Lula demonstrou disposição para continuar na vida pública por muitos anos. "Eu estou com 80 anos, mas se eles soubessem o tesão que eu tenho pra governar esse país, eles não brincariam", declarou. "Por isso se prepare[m], [por]que eu quero viver até 120 anos, e nós vamos ter muitos anos de briga".

Ele atribui sua vitalidade a uma causa maior: "sabe por que eu não vou envelhecer? Porque eu tenho uma causa". O presidente também fez questão de dar uma lição sobre democracia, lembrando suas próprias derrotas eleitorais: "Eu perdi três eleições nesse país. Perdia as eleições e voltava para casa. Me preparava para outra. Nunca houve um alto de tentativa de golpe nosso".

Evento reúne autoridades e tem crítica de Haddad a gestões em SP

A ExpoCatadores 2025 reuniu, além de catadores e suas cooperativas, especialistas, organizações internacionais e representantes dos governos federal, estaduais e municipais. Estiveram presentes ao lado de Lula a primeira-dama, Rosângela da Silva, e ministros como Guilherme Boulos (Secretaria-Geral), Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Saúde) e Esther Dweck (Gestão).

Fernando Haddad, cotado para disputar o Governo de São Paulo em 2026 e alvo de gritos de "governador" durante o evento, aproveitou para criticar as atuais gestões na capital e no estado. O ministro da Fazenda afirmou ser difícil trabalhar de Brasília sem "um prefeito comprometido, um prefeito com um olhar específico, um governador com sensibilidade".

Haddad completou sua crítica dizendo que é necessário um governador "que não bota a polícia para bater no povo, que dá atenção para as pessoas, que cria um ambiente de trabalho digno", em clara referência ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ao prefeito Ricardo Nunes (MDB).