
Parece que o Planalto finalmente entendeu a mensagem. Depois de levar uma série de rasteiras no Congresso — e cá entre nós, foram algumas bem doloridas — Lula decidiu trocar o cassetete pela conversa mole. A estratégia? Afagar quem pode abrir portas.
O alvo dessa nova investida? Nada mais, nada menos que Davi Alcolumbre e Eunício Motta, dois pesos pesados do centrão que andavam meio esquecidos nos corredores do poder. Coincidência? Difícil acreditar.
O jogo mudou
Ah, o Congresso... Esqueleto que assombra até os presidentes mais experientes. Lula, que já governou com maestria essas relações no passado, vinha patinando feio. As derrotas se acumulavam e o desgaste ficava cada vez mais evidente.
Mas eis que surge uma luz — ou seria apenas um cálculo político? O presidente resolveu puxar conversa com Alcolumbre, aquele mesmo que ficou meses esperando um telefonada que nunca chegava. E não parou por aí: Eunício Motta também entrou na roda das atenções.
Do esquecimento ao centro das atenções
É curioso como os ventos mudam em Brasília. Alcolumbre, que até pouco tempo atrás era tratado quase como persona non grata, agora recebe atenções especiais. Motta, outra figura que andava meio à sombra, também voltou ao radar presidencial.
O que explica essa guinada? Bem, quando as portas do Congresso começam a fechar, até os mais orgulhosos aprendem a bater nelas com mais jeito. E Lula, velho raposa que é, sabe quando é hora de mudar as táticas.
Não é sobre amizade — isso todo mundo sabe. É sobre necessidade pura e simples. O governo precisa de votos, de apoio, de sustentação. E no jogo político, às vezes é melhor ter aliados do que ter razão.
Os números não mentem
A sequência de derrotas no Legislativo foi, vamos combinar, para assustar qualquer um. Propostas travadas, projetos emperrados, base dividida... Situação que deixava qualquer assessor presidencial com os cabelos em pé.
Mas política é assim mesmo: quando a maré está contra, é hora de mudar o rumo do barco. E Lula, marinheiro de muitas tempestades, parece ter entendido o recado.
A aproximação com Alcolumbre e Motta não é casual. São peças-chave num tabuleiro que ficou particularmente complicado. E no xadrez político, saber mover os bispos e torres pode ser a diferença entre o xeque-mate e a vitória.
E agora?
Resta saber se a estratégia vai funcionar. Afagos são bons, mas o Congresso costuma responder melhor a coisas mais... concretas. Cargos, emendas, espaço na máquina governamental — a moeda de troca tradicional.
Uma coisa é certa: o tom mudou. Do confronto silencioso para o diálogo — ainda que calculado. Lula parece ter relembrado uma velha máxima política: na democracia, governar é negociar. Mesmo quando não se tem muita vontade.
Os próximos capítulos dessa novela prometem. Veremos se os afagos se transformam em alianças sólidas ou se serão apenas mais um capítulo nas relações turbulentas entre Executivo e Legislativo.
Por enquanto, o que se vê é um Lula mais disposto a conversar — mesmo que por pura necessidade. Na política, como na vida, às vezes é preciso engolir alguns sapos para seguir em frente.