
Numa fala que deixou muitos de boca aberta, o presidente Lula soltou o verbo sobre a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos. E não foi com meias palavras: o tom foi direto, quase um soco na mesa.
"A gente tá vendendo matéria-prima e comprando produto acabado. Isso é trocar ouro por espelho", disparou, com aquela cara de quem não tá brincando. Os números? Bem, eles contam uma história feia: só no primeiro semestre, o déficit chegou a US$ 6,3 bilhões. Não é pouca banana.
O jogo desigual
Enquanto os EUA inundam o mercado brasileiro com manufaturados — de iPhones a tratores —, a gente manda soja, minério e petróleo. "Cadê o valor agregado?", questionou Lula, esquentando o debate. Parece que o fantasma da desindustrialização assombra mesmo o Planalto.
E olha que tem mais: segundo dados do MDIC, enquanto as exportações brasileiras para os EUA caíram 11%, as importações subiram 5%. Alguém aí tá ganhando no cabo de guerra...
A carta na manga
Foi quando o presidente soltou a bomba: "Se tem alguém que deveria taxar, somos nós". A plateia ficou em silêncio — será que ia rolar uma reviravolta nas regras do jogo? Lula deixou no ar a possibilidade de medidas protecionistas, mas sem dar detalhes. Típico dele, né?
Especialistas ouvidos pelo R7 dizem que a jogada é arriscada. "Brasil depende do mercado americano", alertou um economista que preferiu não se identificar. Outros lembram que a China vem comendo o nosso almoço na relação com os EUA.
E agora?
Enquanto isso, nos corredores do Itamaraty, o clima é de tensão. Alguns defendem cautela, outros querem medidas duras. O fato é que essa briga comercial promete — e pode esquentar muito antes das eleições americanas.
Uma coisa é certa: depois dessa fala, os holofotes internacionais vão se voltar para Brasília. Será que o Brasil vai mesmo botar o pé no acelerador do protecionismo? Só o tempo — e talvez algumas reuniões tensas em Washington — vão dizer.