
Era uma cena que não se via desde os tempos em que o Nokia 3310 ainda era top de linha — a esquerda boliviana, força dominante por 20 anos consecutivos, ficou de fora da disputa presidencial no segundo turno. Dessa vez, o placar eleitoral trouxe um resultado que deixou até os analistas mais experientes coçando a cabeça.
Não foi por pouco, não. Os números mostram que o Movimento ao Socialismo (MAS), partido que já levou Evo Morales e Luis Arce à presidência, ficou a um passo — mas não conseguiu o que parecia ser quase uma tradição na política boliviana.
O que deu errado?
Ah, essa é a pergunta de um milhão de dólares! Alguns apontam para as divisões internas — porque, vamos combinar, quando a casa está dividida, até o telhado fica com goteira. Outros culpam o desgaste natural depois de tantos anos no poder. E tem ainda quem diga que o eleitorado simplesmente quis dar uma chance para novos ares.
"É como se o povo boliviano tivesse resolvido fazer um detox político", brincou um analista local, pedindo para não ser identificado. Mas a piada tem fundo de verdade: após duas décadas de hegemonia, o cenário parece estar mudando.
E agora, José?
Sem a esquerda no segundo turno, a Bolívia se vê diante de um cenário inédito neste século. Os dois candidatos que avançaram representam forças políticas diferentes — e nenhum deles carrega a bandeira do MAS.
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O curioso? Ambos têm algo em comum: prometem "mudança". Mas, como bem sabemos na política, essa palavra pode significar coisas muito diferentes dependendo de quem a pronuncia.
O efeito dominó
Os olhos do continente estão voltados para La Paz. Afinal, a Bolívia foi por anos o exemplo mais sólido de governo de esquerda na região — e seu possível realinhamento pode sinalizar novos ventos para a América Latina como um todo.
"Não se trata apenas de uma eleição", reflete a cientista política María Fernanda. "É como se um capítulo importante estivesse terminando, e ninguém sabe direito como será o próximo."
Enquanto isso, nas ruas, a população parece dividida entre a nostalgia do que foi e a esperança pelo que pode vir. Resta saber se essa virada histórica será apenas um ponto fora da curva ou o início de uma nova era na política boliviana.