
Numa análise que mistura realismo e certa dose de ceticismo, o governo Bolsonaro chegou a uma conclusão nada animadora: a velha cartilha diplomática não vai dar conta do recado quando o assunto é Donald Trump. Parece que o manual de etiqueta internacional ficou obsoleto diante do estilo agressivo do ex-presidente americano.
Segundo fontes próximas ao Planalto, há uma percepção clara de que Trump joga um jogo diferente — e as regras convencionais não se aplicam. "É como tentar jogar xadrez com alguém que insiste em usar as peças de damas", comentou um assessor, sob condição de anonimato.
O xadrez político que virou guerra de nervos
O que mais preocupa os estrategistas brasileiros não é exatamente a retórica inflamada (afinal, isso já era esperado), mas sim a imprevisibilidade calculada que caracteriza as movimentações de Trump. Enquanto a diplomacia tradicional se baseia em sinais claros e gestos mensuráveis, o estilo trumpiano parece seguir outra lógica — mais próxima de um pôquer de alto risco do que de um baile de gala entre nações.
E olha que o Brasil conhece bem esse jogo. Nos últimos anos, vimos de tudo: desde elogios públicos exagerados até ameaças veladas sobre comércio exterior. A questão que fica no ar: como responder a alguém que pode mudar completamente de posição entre um tweet e outro?
Entre a cruz e a espada
As opções do governo brasileiro, segundo analistas, parecem limitadas:
- Manter o jogo diplomático tradicional e arriscar ser ignorado
- Adotar um tom mais confrontador e potencialmente escalar o conflito
- Procurar aliados internacionais para criar um contrapeso
Nenhuma dessas alternativas parece ideal — e é exatamente esse o dilema. "Quando seu oponente não segue as regras, seguir o protocolo à risca pode ser uma armadilha", observa uma fonte do Itamaraty, com um suspiro quase audível.
Curiosamente, há quem veja nessa situação uma oportunidade. Alguns setores do governo defendem que o Brasil poderia aprender com essa experiência para desenvolver uma diplomacia mais flexível — capaz de lidar tanto com os tradicionais parceiros europeus quanto com os imprevisíveis líderes populistas.