
Em um cenário político polarizado, surge uma ironia que não passa despercebida: bolsonaristas, muitos deles defensores de narrativas golpistas, estão se matriculando em cursos sobre Democracia e Estado de Direito. A situação, que poderia ser cômica se não fosse preocupante, revela uma desconexão entre teoria e prática no discurso político atual.
O paradoxo bolsonarista
Enquanto pregam a desconfiança nas instituições e flertam com ideias autoritárias, esses mesmos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro buscam diplomas em temas que, em tese, deveriam valorizar o equilíbrio de poderes e o respeito às normas democráticas.
Os cursos em alta
Entre as formações mais procuradas estão:
- Introdução ao Estado de Direito
- Democracia Contemporânea: Teoria e Prática
- Sistema Político Brasileiro
Especialistas apontam que essa busca por conhecimento formal sobre democracia pode representar tanto uma tentativa de legitimar posições antidemocráticas quanto um sinal de contradição interna entre o que se estuda e o que se pratica politicamente.
O perigo da instrumentalização
Analistas políticos alertam para o risco de que esses conhecimentos sejam usados não para fortalecer a democracia, mas para encontrar brechas e manipular narrativas. "Não basta conhecer as regras do jogo democrático; é preciso acreditar nele", destaca um professor de ciência política.
A situação coloca em xeque a efetividade da educação política quando desconectada de valores democráticos essenciais, levantando questões sobre como combater o avanço de ideias autoritárias mesmo entre aqueles que teoricamente estudam para defendê-las.