
Depois de uma semana que parecia interminável — com direito a bate-boca, cadeiras vazias e até um cafezinho esfriando no plenário —, o Congresso finalmente voltou a funcionar. A oposição, que havia travado tudo com uma enxurrada de requerimentos (alguns até criativos, diga-se), recuou. Mas não pense que foi de graça.
Enquanto isso, lá na Amazônia, os satélites não mentem: o desmatamento deu um salto preocupante. Só em julho, uma área do tamanho de 20 mil campos de futebol virou fumaça. E olha que a temporada de queimadas mal começou.
O jogo político
Os bastidores? Uma sopa de interesses. De um lado, o governo tentando emplacar projetos que estavam parados desde o Carnaval. Do outro, a oposição — que agora fala em "negociação estratégica" depois de ter feito o plenário parecer um circo sem palhaço.
"É aquela velha história", diz um deputado que prefere não se identificar. "Todo mundo quer aparecer, mas no final a conta chega para o contribuinte." E como!
A floresta que sangra
Enquanto Brasília discutia protocolos, o INPE soltou dados que dariam arrepios até no mais cético dos ruralistas. O desmatamento subiu 28% em relação ao mesmo período do ano passado. Os principais focos?
- Região da BR-163, onde madeireiros ilegais agem como se a lei fosse letra morta
- Terras indígenas no Pará, com garimpeiros usando maquinário pesado como se estivessem em um playground
- Áreas de conservação no Amazonas, onde fiscais trabalham com orçamento de pinga
E tem mais: segundo um técnico do IBAMA que pediu anonimato, "estão usando o barulho político em Brasília como cortina de fumaça". Literalmente.
E agora?
O ministro do Meio Ambiente prometeu "medidas duras", mas os ambientalistas já estão de olho gordo. Afinal, o orçamento para fiscalização este ano é menor que o valor de um apartamento na zona sul do Rio.
Já no Congresso, a pauta ambiental — que estava engavetada desde o ano passado — voltou a ser discutida. Só que entre um projeto sério e outro, sempre aparece alguém querendo enfiar uma "flexibilizaçãozinha" aqui, um "ajuste regulatório" ali. Coincidência? Difícil acreditar.
Enquanto isso, a Amazônia continua lá, perdendo o equivalente a três campos de futebol por minuto. E o relógio não para.