STF autoriza retorno de Wanderlei Barbosa ao governo do Tocantins após 3 meses
Wanderlei Barbosa retorna ao cargo de governador do Tocantins

O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), retornou oficialmente ao cargo nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, após uma decisão liminar do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida revogou o afastamento de 180 dias decretado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em setembro, por suspeita de desvio de recursos públicos na compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.

Reassunção e celebração do retorno

O Diário Oficial do Estado publicou na noite de sexta-feira o "Termo de Reassunção", assinado pelo próprio Wanderlei Barbosa e pela secretária-chefe da Casa Civil, Irana de Sousa Coelho Aguiar. O político, que estava em Brasília, viajou para Palmas assim que tomou conhecimento da decisão judicial.

Por volta das 20h, apoiadores organizaram uma recepção no Ginásio Ayrton Senna, no bairro Taquaralto. Em discurso, Wanderlei agradeceu aos políticos que o apoiaram durante os três meses de afastamento e mencionou que viajava semanalmente para a capital federal nesse período. "Ainda temos uma luta com a segunda turma. Nós respeitamos tanto a Justiça, mas esperamos confiantes e com fé em Deus que possa dar certo, para nosso estado voltar a sorrir", declarou o governador.

Fundamentos da decisão do STF e contexto do afastamento

A liminar concedida pelo ministro Nunes Marques ainda precisa ser referendada pela Segunda Turma do STF. Entre os argumentos para a decisão, o ministro citou a fragilidade das provas apresentadas pela Polícia Federal que ligariam o governador aos crimes e a falta de contemporaneidade entre os fatos investigados e a data do cumprimento do afastamento.

Wanderlei Barbosa e a primeira-dama, Karynne Sotero, foram afastados no dia 3 de setembro por decisão do ministro Mauro Campbell, do STJ, posteriormente referendada pela Corte Especial do tribunal. As investigações da Operação Fames-19 apontam suspeitas de desvios em 2020 e 2021, quando Wanderlei era responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas).

Os crimes investigados pela Polícia Federal incluem:

  • Frustração do caráter competitivo de licitação
  • Peculato e corrupção passiva
  • Lavagem de capitais
  • Formação de organização criminosa

Nova operação e situação da primeira-dama

Em 12 de novembro, Wanderlei Barbosa foi alvo de nova operação da PF, suspeito de tentar atrapalhar as investigações. Foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão. Agentes relataram ter encontrado o celular do governador com sinais de ter sido resetado para as configurações de fábrica.

A nota da defesa do governador afirmou que ele "recebeu com serenidade a decisão emanada do Supremo Tribunal Federal". O vice-governador, Laurez Moreira (PSD), que assumiu interinamente, foi notificado pelo ministro Mauro Campbell sobre o retorno do titular. O Diário Oficial não trouxe menção ao retorno da primeira-dama, Karynne Sotero, nem publicações sobre exonerações de servidores de primeiro escalão feitas durante a gestão interina.

A decisão judicial marca um novo capítulo na crise política do Tocantins, mas o caso segue sob sigilo na Corte Especial do STJ, aguardando os próximos desdobramentos.