
O cenário político catarinense respira um pouco diferente nesta segunda-feira. Depois de meses com a corda no pescoço, o último dos dezessete prefeitos que estavam atrás das grades na Operação Mensageiro finalmente conseguiu escapar da prisão. A notícia chegou como um raio em dia de sol – para alguns, alívio; para outros, mais um capítulo naquela velha novela que parece não ter fim.
O desembargador Sérgio Izar Junior, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, simplesmente deu um basta. Concedeu habeas corpus para o gestor municipal que era o único que ainda permanecia detido desde aquela ação espetacular da Polícia Federal em maio. A decisão saiu na sexta-feira, mas só agora a poeira começa a baixar.
O que diabos era essa Operação Mensageiro mesmo?
Ah, vamos recapitular – porque nessas alturas do campeonato, é fácil misturar as jogadas. A PF botou a boca no trombone investigando um esquema que, pasmem, envolvia a compra de votos para a mesa diretora da Assembleia Legislativa. Parece coisa de filme, mas era a nossa realidade em Santa Catarina.
Segundo as investigações – e aqui a coisa fica realmente suja –, os prefeitos entravam em cena como intermediários. Eles atuavam como verdadeiros mensageiros do esquema, usando sua influência política para convencer deputados a votarem em certos candidatos. Em troca? Bem, a velha e conhecida moeda de troca: obras e vantagens para seus municípios.
E o que muda com essa soltura?
Ora, tudo e nada ao mesmo tempo. O prefeito em questão – cujo nome ficou de fora desta matéria por questões legais – agora respira o ar livre, mas continua respondendo ao processo em liberdade. A defesa dele comemorou a decisão como uma vitória da justiça, argumentando que a prisão preventiva não se justificava mais.
Mas espere aí – isso não significa que ele está inocente. Longe disso. Apenas que, na visão do desembargador, não havia mais razões para mantê-lo atrás das grades durante o andamento do processo. Aquele velho princípio de que alguém é inocente até que se prove o contrário, sabe como é?
O Ministério Público Federal, claro, não ficou nada feliz com a decisão. Eles sustentavam que a manutenção da prisão era essencial para as investigações – temiam que o prefeito pudesse atrapalhar as apurações que ainda correm soltas por aí.
E os outros dezesseis?
Boa pergunta. Os outros gestores municipais que estavam na mesma situação já haviam sido liberados anteriormente. Alguns conseguiram reverter a prisão há semanas, outros há meses. Cada um com sua estratégia jurídica, cada um com seus argumentos.
O que me faz pensar: será que estamos diante de um caso onde a justiça está sendo feita de forma desigual? Ou será apenas o normal funcionamento do sistema, onde cada caso é um caso?
Uma coisa é certa – a poeira da Operação Mensageiro ainda não assentou completamente. E algo me diz que vamos ouvir falar muito sobre esse caso nos próximos meses. Afinal, quando o assunto é política e dinheiro público, a história sempre tem reviravoltas.
Enquanto isso, nas cidades envolvidas, a população observa atenta. Muitos se perguntam se seus prefeitos realmente trabalham para o bem comum ou se estão mais preocupados em fazer acordos nos corredores do poder.
Só o tempo – e a justiça – dirão.