
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, fez um daquéis movimentos políticos que deixam todo mundo tentando decifrar as entrelinhas. Nesta segunda-feira (26), ele soltou uma declaração que ecoou pelos corredores do poder em Brasília: defendeu que o Congresso Nacional faça um "gesto de pacificação"—mas, espera aí, sem citar explicitamente a palavra que todo mundo tá pensando: anistia.
Numa entrevista coletiva que mais parecia um jogo de xadrez verbal, Tarcísio deixou claro que, na visão dele, o Legislativo tem a faca e o queijo nas mãos para destravar a tensão política que ainda assombra o país. "É hora de virar a página", insinuou, com aquela cara de paisagem de quem sabe que está mexendo num vespeiro.
E o elefante na sala?
Pois é. Todo mundo lembra dos episódios tristes de 8 de janeiro do ano passado, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. O assunto anistia pra envolvidos nisso tá longe de ser consenso—e Tarcísio, esperto, não botou a mão no fogo diretamente. Preferiu jogar a responsabilidade para os parlamentares, num movimento que mistura realpolitik com um certo pragmatismo típico de quem não quer se queimar.
Ele até reconheceu que o presidente Lula tem suas razões para ser contra—mas emendou que, "se o Congresso quiser fazer esse gesto, que faça". Soou quase como um "se vira aí, pessoal" disfarçado de estadismo.
E as reações? Não demoraram.
De um lado, aliados do governo comemoraram a abertura—ainda que sutil. Do outro, críticos viram manobra pra agradar a base bolsonarista sem pagar o preço político por isso. Tarcísio, como sempre, navega entre as águas turbulentas com uma habilidade que até parece dança.
Resta saber se o Congresso vai pegar a sugestão—ou se vai achar melhor deixar quieto. Uma coisa é certa: o debate sobre justiça, reconciliação e os limites da pacificação tá longe de acabar. E Tarcísio, com uma frase só, jogou gasolina—ou seria água?—na fogueira.