
A política em São Bernardo do Campo pegou fogo. E não é força de expressão. Na esteira de uma operação policial da qual você já deve ter ouvido falar – aquela que mirou o vereador Marcelo Lima – a Câmara Municipal entrou em um turbilhão de discussões que mistura investigação, dinheiro público e, claro, muito jogo de poder.
A sessão dessa segunda-feira (19) foi daquelas para ficar na história. Longe de ser um debate técnico e monótono, o plenário virou um ringue onde duas propostas explosivas foram para o centro do ringue. De um lado, a criação de uma CPI. Do outro, uma medida que mexe no bolso: cortar os salários dos parlamentares que forem afastados por envolvimento em... bem, em atividades que não combinam muito com o cargo.
CPI Já: O Grito que Ecoou no Plenário
A ideia de uma Comissão Parlamentar de Inquérito não é exatamente nova, mas ganhou um fôlego descomunal com os recentes acontecimentos. A proposta, apresentada pela bancada do PSOL, não é só um pedido de investigação. É um statement, uma declaração de que a Casa precisa, urgentemente, limpar sua própria barra.
Os defensores da medida argumentam, e com uma certa razão que é difícil de contestar, que a operação que levou à busca e apreensão no gabinete de Lima é a ponta de um iceberg muito maior. Eles querem vasculhar tudo, das licitações aos contratos, e não vão sossegar enquanto não virem cada pedra.
O Açougue dos Salários: A Outra Frente de Batalha
Enquanto a CPI rouba a cena, uma outra discussão, talvez até mais prática, ganha corpo nos corredores: a suspensão dos vencimentos dos vereadores afastados. Imagina só. O cara é afastado do cargo por suspeita de irregularidades graves e ainda continua recebendo o salário integralmente, tranquilamente, como se nada estivesse acontecendo? Para muitos, isso é um absurdo que fere qualquer princípio de moralidade administrativa.
O debate é espinhoso e cheio de nuances jurídicas – sempre é – mas o sentimento predominante é de que não dá mais para aceitar essa contradição. Por que o contribuinte de São Bernardo teria que bancar o salário de alguém que está respondendo a processos por desviar justamente o dinheiro desse mesmo contribuinte? A pergunta, obviamente, é retórica.
O clima por lá? Tenso. Muito tenso. As alianças de sempre estão sendo testadas, os blocos partidários se rearrumando e todo mundo está tentando entender para que lado o vento vai soprar. A opinião pública, claro, está de olho. E dessa vez, parece que a cobrança por transparência e integridade veio para ficar.
O desfecho disso tudo ainda é uma incógnita. Se a CPI vai pra frente, se o corte de salários será aprovado... são perguntas que só o tempo (e muita negociação política) vai responder. Uma coisa é certa: o tabuleiro político de São Bernardo foi chacoalhado, e as peças ainda estão caindo. Fique de olho, porque essa história está longe de acabar.