
O Planalto acordou com o sabor de uma estratégia que, convenhamos, não é exatamente nova – mas que ganha contornos fascinantes quando posta em prática. Nesta segunda-feira, o presidente Lula não estava apenas almoçando. Ele estava costurando.
E não foi um almoço qualquer. Na mesa, além do prato feito, estavam ninguém menos que a cúpula dos Republicanos – partido que, diga-se de passagem, carrega nas veias o DNA do bolsonarismo. Mas a política, como bem sabemos, é o reino do inesperado.
O que estava em jogo? Mais do que garfadas e conversas cordiais. O presidente, sagaz como sempre, mira dois fronts: o imediato e o futuro distante. De um lado, busca apoio para tocar sua agenda no Congresso – aquela dança complicada onde cada voto vale ouro. Do outro, e isso é que é genial, planta uma semente para 2026.
Os nomes que importam
Presentes estavam figuras-chave: o presidente do partido, Marcos Pereira, e o líder na Câmara, Altineu Côrtes. Não eram meros convidados; eram peças centrais num tabuleiro que se redefine a cada movimento.
Lula, é claro, não fez por menos. Chegou a chamar o encontro de “momento de reconciliação” – uma palavra pesada, carregada de significado num país ainda ferido por polarizações recentes.
E o que saiu disso tudo?
Nada de acordos formais, pelo menos por enquanto. A reunião foi “cordial e produtiva”, segundo os envolvidos. Mas entre um gole e outro, ficou claro que ambos os lados enxergam vantagem nessa aproximação.
Os Republicanos, que controlam uma bancada influente, ganham assento na mesa do poder. O governo, por sua vez, amplia sua base de sustentação – algo vital num Congresso fragmentado onde governar é a arte do possível.
E 2026? Ah, 2026… Esse é o elefante na sala. Ninguém fala abertamente, mas é óbvio que o assunto pairou no ar. Lula não é ingênuo; sabe que alianças se constroem com tempo e paciência.
O almoço, no fim das contas, foi mais que uma refeição. Foi um símbolo. Um recado claro de que o presidente está disposto a conversar com quase todo mundo – e de que a política brasileira segue surpreendendo até os mais céticos.
Resta saber se esse flerte vira romance ou se termina num “foi bom enquanto durou”. A essa altura, só mesmo o tempo – e os próximos capítulos dessa novela – para responder.