
Parecia ser o dia que milhões de trabalhadores brasileiros estavam esperando. Na última quarta-feira, o plenário da Câmara se preparava para uma votação que, convenhamos, poderia fazer diferença real no bolso de muita gente. Mas aí aconteceu o que frequentemente acontece por aqui: a festa quase não saiu do papel.
Enquanto você provavelmente estava trabalhando, 49 deputados simplesmente não apareceram. Sim, quase meia centena de representantes do povo decidiu que tinha coisa mais importante para fazer do que votar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco mil reais.
Os números que doem no bolso
A matemática é simples, mas o impacto é enorme. Dos 513 deputados, apenas 364 marcaram presença. Faltaram exatamente 49 parlamentares – um número que, convenhamos, não é pequeno. E o pior: a proposta precisava de 257 votos favoráveis para passar, mas conseguiu apenas 242.
Quinze votos. É só isso que separou milhões de brasileiros de um alívio imediato no orçamento familiar. Quinze votos que poderiam ter vindo dessas 49 ausências.
Quem eram os faltosos?
A lista é variada – tem de tudo um pouco. Alguns justificaram ausência por problemas de saúde, outros por compromissos inadiáveis. Mas a verdade é que, no final do dia, o resultado foi o mesmo: a proposta não passou.
E olha que curioso: entre os que não compareceram, há nomes de praticamente todos os partidos. Parece que quando o assunto é faltar, não há muito colorismo partidário – a ausência é democrática.
O que estava em jogo?
Não era qualquer proposta, vamos combinar. Estamos falando de isentar do IRPF trabalhadores com rendimentos mensais de até R$ 5.000. Em um país onde o salário mínimo está em R$ 1.320, estamos discutindo uma faixa que abrange desde a classe média baixa até profissionais com formação superior.
O projeto era do PDT, mas carregava a esperança de muita gente comum. A ideia era simples: aumentar o limite de isenção dos atuais R$ 2.112 para cinco mil reais. Uma mudança que, se aprovada, colocaria dinheiro diretamente na economia real – aquela do supermercado, da farmácia, do combustível.
E agora, o que acontece?
Bom, a proposta não foi rejeitada – apenas não conseguiu os votos necessários. Tecnicamente, ela pode voltar à pauta em outra sessão. Mas convenhamos: em ano que não é eleitoral, com o Congresso cheio de outras prioridades, fica a dúvida se haverá vontade política para recolocar o tema em discussão.
Enquanto isso, os trabalhadores continuam pagando imposto sobre rendas que, vamos ser sinceros, já estão bastante comprometidas com a alta dos preços de basically tudo.
O jogo político por trás das ausências
Alguém pode pensar: "mas se era uma proposta popular, por que faltaram?" Ah, minha gente, a política é um tabuleiro complexo. Há quem diga que algumas ausências foram estratégicas – evitar o voto contra algo popular, mas que não agrada ao governo ou a certos interesses.
Outros talvez genuinamente tenham tido impedimentos. O problema é que, no conjunto da obra, o resultado foi frustrante para quem esperava por uma notícia boa no front tributário.
O certo é que essa votação deixou claro mais uma vez: na política, às vezes o que não acontece é tão importante quanto o que acontece. E as ausências, bem, elas contam – e muito.