Caetano e Gil: Emocionante Homenagem a Amigo Torturado na Ditadura Militar
Caetano e Gil: homenagem emocionante na ditadura

O clima no Auditório Ibirapuera naquela noite era diferente. Dá pra sentir quando algo vai ficar na história, sabe? E essa apresentação de Caetano Veloso e Gilberto Gil certamente vai.

Lá estavam eles, dois ícones da música brasileira, com mais de oitenta anos nas costas mas com uma energia que daria inveja a muito jovem. E no meio do repertório, uma surpresa que pegou todo mundo desprevenido.

Uma Canção Que Virou Memória Viva

Quando começaram os primeiros acordes de "Cálice", a plateia ficou em silêncio absoluto. Mas não era só a famosa música de protesto de Chico Buarque que iriam apresentar. Havia algo mais, algo profundamente pessoal.

Caetano fez uma pausa dramática — daquelas que parecem durar uma eternidade — e soltou: "Esta é para o nosso amigo Alexandre Vannucchi Leme". O nome ecoou no auditório como um fantasma do passado.

Quem Foi Alexandre?

Alexandre Vannucchi Leme. Estudante de geologia da USP, militante político, preso, torturado e assassinado pela ditadura militar em 1973. Tinha apenas 22 anos. A história dele é daquelas que doem na alma — um jovem cheio de potencial, vida interrompida pela brutalidade do regime.

O mais revoltante? As autoridades da época inventaram que ele tinha morrido atropelado. Só anos depois a verdade veio à tona, graças à coragem de quem não se calou.

Um Momento Que Arrancou Lágrimas

A performance foi de cortar o coração. Gil, com sua voz que já conhecemos há décadas, mas que naquela noite parecia carregar o peso de todas as lembranças. Caetano, com aquela intensidade que só ele tem.

Dá pra imaginar a cena: o auditório lotado, gerações diferentes unidas pela música, e de repente essa homenagem que conectou passado e presente de forma tão visceral. Teve gente que não conseguiu segurar as lágrimas — e olha que não era plateia de primeira viagem.

O que me faz pensar: quantas histórias como a do Alexandre ainda precisam ser contadas? Quantos nomes ainda merecem ser lembrados?

Por Que Isso Importa Hoje?

Num Brasil onde a discussão política anda tão acirrada — pra não dizer tóxica —, ver dois artistas do calibre de Caetano e Gil resgatando essa memória é significativo. É como se dissessem: "não vamos esquecer, não podemos esquecer".

E faz todo o sentido. Quem não conhece a história está condenado a repeti-la, já diziam por aí. E quando falamos de ditadura, tortura, mortes... bem, isso é algo que definitivamente não queremos ver de novo.

A apresentação fez parte da série "Quinta da Música" — uma iniciativa da revista Veja São Paulo que tá mostrando que ainda sabe surpreender. E dessa vez, surpreendeu com conteúdo que vai além do entretenimento, que mexe com a nossa memória afetiva e histórica.

No final, ficou claro: mais do que um show, foi um ato político. Do tipo que não precisa de discurso, que a música e a emoção falam por si. E que ecoa muito além do auditório.