
O que parecia ser mais um capítulo das relações internacionais entre Brasil e Estados Unidos não passa de uma invenção digital. Circula nas redes uma imagem que supostamente mostra o embaixador americano desembarcando em solo brasileiro para fiscalizar a aplicação da Lei Magnitsky. Só que tem um detalhe: a foto é falsa, criada por inteligência artificial.
Parece coisa de filme de espionagem, mas é pura ficção tecnológica. A tal foto – que alguns compartilharam como se fosse a maior prova de uma intervenção estrangeira – foi gerada por IA. Nem precisava ser especialista em Photoshop para notar aqueles dedos meio estranhos e a expressão facial sem vida típica das criações artificiais.
Como a fake news se espalhou?
Primeiro apareceu em grupos de WhatsApp, depois pulou para o Twitter. A estratégia? Sempre a mesma: mensagem alarmista + imagem "oficial" + tom de urgência. Só faltou avisar que a "oficialidade" vinha de um computador, não do governo americano.
O pior é que a narrativa se encaixava perfeitamente nas teorias que andam circulando por aí:
- Que os EUA estariam interferindo diretamente em assuntos brasileiros
- Que a Lei Magnitsky seria usada como desculpa para pressão internacional
- Que haveria uma "missão especial" de fiscalização no país
Tudo balela, é claro. Mas quando a mentira é interessante, muita gente prefere acreditar nela do que checar os fatos.
E a tal Lei Magnitsky?
Ah, essa parte é real. A legislação americana permite sanções contra indivíduos envolvidos em violações de direitos humanos ou corrupção. Mas fiscalização direta por embaixador? Nunca ouvi falar. Parece mais invenção de quem não entende como diplomacia funciona na vida real – ou de quem quer causar polêmica mesmo.
Especialistas em direito internacional já vieram a público explicar que não existe esse tipo de procedimento. "É como esperar que o prefeito de São Paulo vá pessoalmente multar quem joga lixo na rua", comparou um professor de relações internacionais que preferiu não se identificar. Faz sentido, não?
O perigo das imagens hiper-realistas
O caso mostra como as IAs estão ficando boas – talvez boas demais – em criar imagens convincentes. Alguns detalhes ainda escapam (mãos com dedos a mais, olhos sem brilho), mas para o scroll rápido das redes sociais, engana fácil.
E não é só isso. A velocidade com que essas fakes se espalham assusta. Antes mesmo de qualquer veículo de imprensa checar, já viralizou. Depois fica difícil convencer quem já compartilhou que caiu no conto do vigário digital.
Fica o alerta: na próxima vez que vir uma imagem "exclusiva" ou "vazada", respire fundo e pergunte:
- Qual a fonte original?
- Outros veículos sérios estão reportando?
- Os detalhes da imagem batem com a realidade?
Se a resposta for "não sei", melhor não compartilhar. Como diz o ditado: na dúvida, não espalhe – principalmente se for bom demais (ou ruim demais) para ser verdade.