
Que coisa, não? O mundo virtual anda mesmo cheio de armadilhas. Uma dessas ciladas digitais quase pegou até o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal.
Pois é. Circulou por aí — e com força — uma suposta frase dele que dizia: "A Justiça existe para corrigir as injustiças do processo político". Soa plausível, até bonitinha, mas tem um probleminha: Barroso nunca disse isso. Nunca mesmo.
O desmentido necessário
O próprio ministro resolveu botar os pingos nos is. Através de sua assessoria, foi categórico: a frase é falsa. Não consta em nenhum discurso, voto, entrevista ou artigo — e olha que o homem escreve bastante.
Parece até piada pronta, mas a situação revela algo mais sério. Como uma simples invenção consegue ganhar tanta tração? A pergunta que fica é essa.
O contexto que importa
Barroso, que já foi presidente do TSE, sempre defendeu — isso sim — que a Justiça Eleitoral atue com moderação. Seu pensamento real é bem mais nuancado do que a fake news sugere.
Ele argumenta, e com razão, que certas decisões precisam considerar o timing eleitoral. Cortar candidaturas em cima da hora, por exemplo, pode criar um caizinho desnecessário. A estabilidade do processo conta, e muito.
Mas calma lá! Isso não significa passagem livre para qualquer coisa. O ministro sempre deixou claro: ilegalidades graves devem ser cortadas pela raiz, independentemente do calendário.
Por que isso é importante?
O caso dessa frase fantasma serve como alerta. Vivemos numa era em que qualquer meia-verdade — ou mentira completa — pode virar "fato" em questão de horas.
E o pior: distorções assim afetam a credibilidade das instituições. Quando atribuem a um ministro do STF algo que ele não disse, criam uma expectativa errada na população. E depois reclamam da desconfiança generalizada...
O trabalho de checagem virou necessidade básica, tipo escovar os dentes. Antes de compartilhar, verifique. Parece óbvio, mas na correria do dia a dia muita gente esquece.
O verdadeiro Barroso
Quem acompanha a trajetória do ministro sabe: suas posições são públicas e transparentes. Estão em votos, palestras, artigos acadêmicos. Não precisa inventar nada.
Seu compromisso com a democracia e o Estado Democrático de Direito sempre foi explícito. E é justamente por isso que deturpações como essa são tão perigosas.
No fim das contas, a história nos ensina que a verdade costuma ser mais complexa — e interessante — que qualquer ficção convenientemente embalada para viralizar.